sexta-feira, 16 de março de 2012

O medo


O medo

Nossos medos não detém a morte, e sim o amor e a vida. O medo, com todo seu poder, não pode vencer nem deter a morte, mas pode deter o fluxo da vida que nos conduz à paz interior.

O mar, que é manso e transparente, também pode arremeter com toda sua força e representar um sério perigo para quem está ao seu redor. Assim é o medo; para salvar nossas vidas, ajuda-nos a perceber todo tipo de perigo, desde os mais leves até os mais turbulentos e destrutivos, mas também pode nos paralisar, ofuscar a razão e o entendimento, fazendo-nos viver uma vida miserável e, em alguns casos extremos, levar-nos à morte.
Você já sentiu medo de perder a pessoa que ama? Por medo de perder essa pessoa, já fez coisas que iam contra seu coração? Já se sentiu paralisado diante de uma situação que não esperava? Já sentiu muita tensão e medo, achando que algo ruim ia acontecer e, passando o tempo, deu-se conta de que nada aconteceu?
O medo é uma emoção básica, gerada espontaneamente e que nos deixa de sobreaviso diante de um perigo iminente. O medo ativa a circulação do sangue, os músculos maiores se fortalecem e seu corpo reage para que possa escapar de uma situação que o pode afetar. O medo, visto assim, é útil e necessário em nossas vidas. O problema surge quando sua mente, com todas as idéias preconcebidas, crenças e experiências do passado, entra em contato com essa emoção, fazendo com que se transforme em um medo irracional ou em um falso medo que pode paralisar, ofuscar o entendimento e levá-lo a agir sem razão. Nesse momento criam-se as fobias e o pânico infundado.
Temos a crença de que o amor e o ódio são opostos, quando na realidade esta é uma falsa crença. Nesse momento você pode estar amando uma pessoa e, de repente, ela o menospreza, rejeita ou faz algo que você considera uma ofensa; imediatamente você pode transformar o que sentia em ódio. Mas se essa pessoa lhe der uma justificativa, abraçá-lo e demonstrar um verdadeiro arrependimento, facilmente tornará a amá-la. Ou seja, o amor e o ódio são a mesma energia, complementam-se e se transformam constantemente.
O que é diametralmente oposto ao amor é o medo. Nunca podem compartilhar o mesmo espaço, como o fazem o amor e o ódio. Durante toda a vida disseram-nos que para amar realmente devemos possuir e ter ao nosso lado a pessoa amada. Mas, na realidade, isso é o que nos causa sofrimento, devido ao medo de perder essa pessoa. Chamamos isso de apego. Por essa razão, o alimento predileto do apego é o medo. Quanto mais se agarrar ao medo, mais o amor enfraquecerá. Isso nos mostra que, inconscientemente, estamos baseando nossas relações afetivas no medo e no apego, em vez de fazê-lo no amor. O amor nutre a relação e lhe dá o poder de desfrutar e experimentar a vida de diversas maneiras, ao passo que o medo o paralisa e incapacita para viver uma vida tranqüila e serena.
Ensinaram-nos a buscar o amor e a felicidade em coisas externas, superficiais e passageiras, e ao sentirmos que essas coisas vão embora e não as podemos ter, damos oportunidade ao apego para ser nosso verdugo, para nos maltratar e deteriorar nossa vida. Nesse momento, o medo se apodera de nós, pois acreditamos que não podemos ser felizes sem essas coisas. Portanto, se enfrentarmos nossos medos e os eliminarmos, destruiremos as raízes pelas quais o apego se nutre e se fortalece. Quando isso acontece, desfrutamos o amor no verdadeiro estado de consciência.
Nossas vidas estão cheias de medos camuflados sutilmente em nossa inconsciência. Para poder trabalhar a fundo nossos medos e nos libertarmos, primeiro devemos identificar nossos medos mais freqüentes.
Quais são os medos que sentimos quando temos uma relação afetiva na qual depositamos nossa felicidade? Medo da solidão, de perder a pessoa amada, de perder o conforto.

Eu te amo, mas sou feliz sem você. Jaime Jaramillo.

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