terça-feira, 15 de novembro de 2011

Os Dez impossíveis Mandamentos


Os dez impossíveis mandamentos

Quando se fala em 10 mandamentos da lei de Deus, vêm à mente, entre outras coisas, a figura do grande mestre Moisés.
Uma fatia considerável e fundamental do Antigo Testamento, primeira parte da Bíblia hebraica se refere à odisséia de Moisés e a libertação e organização do povo hebreu[1].
É preciso trazer à luz certos detalhes ocultos nas entrelinhas.
Ninguém sabe o nome de Moisés. Até mesmo porque não interessa. Moisés significa “o que foi salvo das águas”. É a descrição de um acontecimento. “Moisés” é um evento na vida da pessoa. Toda pessoa deve aprender a nadar e a se salvar de suas próprias águas genésicas.
O mestre histórico era hebreu, uma das sub-raças da atual raça. Mas foi criado pelos egípcios e se tornou um de seus príncipes. Portanto foi formado e educado na doutrina e mistérios egípcios.
Moisés, Príncipe do Egito, grande iniciado das Antigas Escolas de Mistério do Nilo.
Segundo a tradição egípcia, quando o iniciado desencarnava, devia prestar contas a Osiris diante do Tribunal da Justiça ou o Tribunal do Karma.
Devia receber veredicto positivo dos 42 juízes do karma, segundo o atributo de cada um. Portanto haviam 42 leis que deveriam ser observadas em vida para ser aprovado no momento do juízo. São conhecidas como as 42 leis da Justiça Divina.

Moisés aplicou essas 42 leis como regras de espiritualidade para o povo hebreu.
Porém, como ainda era um povo muito rude, não puderam assimilar os rigores dos mandamentos.
Moisés, por tolerância e como prova de amor ao seu povo, quebrou as tábuas da lei. Aplicou a devida disciplina e subiu novamente o Monte Sagrado para trazer uma versão simplificada das regras de espiritualização, os conhecidos 10 mandamentos do cristianismo.
Esse evento é simples de imaginar, aplicando-o aos tempos modernos. As pessoas são incapazes de vivenciar os dez preceitos da espiritualidade. São por demais rigorosos. Estas regras determinam um alto padrão de comportamento e disciplina. Uma atitude superior e espiritualizada em relação aos seres vivos, ante a sociedade, à comunidade e à família.
Dizer sempre a verdade é um grande desafio. Viver em função da verdade mesmo que doa não é para pessoas comuns e correntes.
Favorecer a vida, não matar por prazer ou esporte o vegetal, animal ou humano. Não ofender, não destruir ou atacar o ânimo ou o entusiasmo das pessoas. Etimologicamente, ânimo vem do latim anima, que significa alma, psiquê, intenção, vontade, vida.
Se o mundo em geral conseguisse absorver somente essas duas leis, que tipo de humanidade habitaria este planeta?
Se você e sua família respirassem naturalmente essas duas leis, que impacto teria na comunidade, no bairro ou sociedade?
As dez regras básicas conformam um primeiro grau de espiritualidade. Quando o iniciado absorve os dez princípios naturais, então percebe que há mais.
Percebe que a natureza está lançando situações diariamente nos diversos eventos da vida. Cabe à própria pessoa se auto-lapidar e fazer as escolhas certas, aplicar as palavras certas, tomar a atitude certa, sempre em função da espiritualidade.
Cada atitude, ação ou palavra produz um resultado. Isso é o karma. Ação e conseqüência.
Pode-se produzir conscientemente um karma positivo.
A fome, miséria e desgraça são karmas negativos. Foram produzidos em algum momento.
A humildade, o trabalho, o conhecimento, o respeito e a caridade podem anular o karma negativo da fome e miséria, promovendo outro karma, um karma oposto, desejado, positivo, que traz alimento, desenvolvimento e prosperidade.
As divindades egípcias são na maioria das vezes a representação arquetípica de forças que fluem na natureza humana.
As formas de animais servem para caracterizar os princípios que eles representam; e não que os egípcios idolatravam figuras antropozoomórficas.
Apesar disso, alguns personagens da história do Egito foram elevados à condição de divindades, pelo altíssimo grau de Sabedoria que possuíam, como Thot, Osíris, Ísis, etc.
Portanto, os 42 juízes do Tribunal do Karma são princípios naturais de organização psíquica e espiritual. São uma proteção natural para que o ego animal não invada os planos superiores de consciência.
No livro dos mortos do Antigo Egito, encontramos a descrição do momento em que o iniciado se apresenta diante de Osiris e declara sua “Confissão Negativa”, contida no Papiro de NU.
“O capítulo CXXV consiste em três partes: a Introdução, a Confissão Negativa e um texto para rematar. Dizia-se a introdução quando o falecido chegava à Sala da Dupla Maat; a Confissão Negativa era recitada por ele perante os quarenta e dois deuses que estavam na Sala; e o texto final quando ele chegava ao mundo inferior.”

Descrição da lâmina: Barbado e ostentando a coroa “branca”, de pé num santuário, cujo teto é encimado por uma cabeça de falcão e por uraei, o deus Osiris empunha os emblemas costumeiros de soberania e domínio. Atrás dele está a deusa Ísis e, à sua frente, sobre uma flor de loto, os quatro filhos de Horus, Questa, Hapi, Tuamutef e Quebsenuf.

Descrição da lâmina: o falecido e sua esposa[2] aparecem em pé, com as mãos erguidas em sinal de adoração.
Texto: o seguinte será dito quando o intendente da cada do intendente do selo, NU, triunfante, aparecer na sala da Dupla Maat, de modo que seja alijado de todo e qualquer pecado que tenha cometido e contemple o rosto dos deuses. O Osíris NU, triunfante, diz: “
“Homenagem a ti, ó Grande Deus, Senhor da dupla Maat, vim ver-te ó meu Senhor, e cheguei até aqui para contemplar tua beleza. Conheço-te, conheço o teu nome, e conheço os nomes dos quarenta e dois deuses que estão contigo na Sala da dupla Maat, que vivem como carcereiros de pecadores e se alimentam do sangue destes últimos no dia em que a vida dos homens são tomadas em consideração na presença do deus Un-nefer; na verdade ‘Recti-merti-neb-Maati’ (irmãs gêmeas com dois olhos, senhoras da dupla Maat) é o teu nome. Na verdade vim a ti e trouxe-te Maat (justiça e verdade), e destruí a maldade para ti. Não fiz mal à humanidade. Não oprimi os membros da minha família, não pratiquei o mal em lugar da justiça e da verdade. Não tenho conhecido homens sem valor. Não tenho praticado o mal. Não tenho feito que a primeira consideração de cada dia seja a de mandar realizar para mim um trabalho excessivo. Não apresentei meu nome para exaltação de honrarias. Não maltratei criados. Não desprezei a Deus.  Não fraudei o oprimido de sua propriedade[3]. Não fiz o que os deuses abominam. Não fui causa de que o chefe prejudicasse os servo. Não causei dor. Não fiz nenhum homem sofrer fome. Não fiz ninguém chorar. Não pratiquei homicídio. Não dei ordem para que nenhum homicídio fosse praticado em meu proveito. Não infligi sofrimento ao gênero humano. Não fraudei os templos das suas oblações. Não roubei os bolos dos deuses. Não furtei os bolos oferecidos às almas imortais. Não forniquei. Não me polui nos lugares sagrados do deus da minha cidade, nem subtraí coisa alguma do alqueire. Não acrescentei nem roubei com fraude terra nenhuma. Não me apossei dos campos de outrem. Não mexi nos pesos da balança para enganar o vendedor. Não li errado o que indicava a balança para enganar o comprador. Não tirei o leite da boca das crianças. Não levei o gado que estava em seus pastos. Não peguei no laço os pássaros de penas das coutadas dos deuses. Não peguei peixe com isca de feita de peixe da sua espécie.  Não represei água no tempo em que ela devia correr. Não sangrei nenhum canal de água corrente. Não apaguei o fogo (ou luz) que devesse arder. Não infringi os tempos[4] de oferecer as oblatas seletas de comida. Não espantei o gado da propriedade dos deuses. Não repeli Deus em suas manifestações. Sou puro. Sou puro. Sou puro. Minha pureza é a pureza do grande Benu que está na cidade de Suten-henen (Heracleópolis), pois eis que sou o nariz do Deus dos ventos, que faz toda a humanidade viver no dia em que o Olho de Rá está cheio em Anu (Heliópolis) no fim do segundo mês da estação Pert (isto é, a estação de crescer) na presença do divino senhor da terra. Vi o Olho de Rá quando estava cheio em Anu e, portanto, não me aconteça nenhum mal nesta terra e na Sala da dupla Maat, pois sei os nomes dos deuses que ali estão e que são os seguidores do grande deus”.

A Confissão Negativa
Descrição da lâmina: A Sala da dupla Maat, o que quer dizer, a Sala das deusas Ísis e Néftis, que simbolizam a Justiça e a Verdade; neste lugar estão sentados, ou em pé, quarenta e dois deuses, a cada um dos quais o falecido precisa dirigir uma declaração negativa determinada. Em cada extremidade vê-se a metade de uma porta de dois batentes, uma chamada NEB-MAAT-HERITEP-RETUI-F e a outra, NEB-PEHTI-QUESU-MENENET. No centro do teto, que exibe uma cornija de uraei, típicos da divindade, e penas, símbolo de MAAT, está sentado um nume, pintado de verde azulado, com as mãos estendidas, a direita sobre o Olho de Horus, e a esquerda sobre uma lagoa. Na extremidade da Sala vêem-se quatro vinhetazinhas, em que estão pintadas:

1. As deusas Maat, sentadas em seus tronos, empunham um cetro com a mão direita e o emblema da vida com a mão esquerda.
2. O falecido, vestido de branco, em pé diante de Osíris, ergue as mãos em sinal de adoração.
3. Uma balança que tem o coração, símbolo da consciência do falecido, num dos pratos, e a pena, emblema da Justiça e da Verdade, no outro. O deus Anúbis testa o fiel da balança, e perto dele está o monstro Am-met[5].
4.  Thot, com cabela de Íbis, sentado em um pedestal em forma de pilono, pinta uma grande pena de Maat. No papiro de Anhai os deuses estão sentados em fila dupla; cada qual ostenta a cabeça que o caracteriza, e quase todos usam a pena de Maat.

Texto: o escriba Nebseni, triunfante, diz:
1 – “Salve, ó tu, espírito que marchas a grandes passadas e que surges em Anu (Heliópolis), escuta-me! Eu não cometi iniqüidade.
2 – Salve, ó tu, espírito que te manifestas em Ker-ahá e cujos braços estão rodeados de um fogo que arde! Eu não roubei com violência.
3 – Salve, ó tu, divino Nariz (Fenti), que vens de Quemenu (Hermópolis), não fiz violência a homem algum.
4 – Salve, ó tu, que comes sombras, que vens do sítio onde o Nilo aparece, não roubei.
5 – Salve, Neha-hau, que vens de Re-stau, não matei homem nem mulher.
6 – Salve, ó tu, duplo deus-Leão, que vens do céu, não aligeirei o alqueire.
7 – Salve, ó tu, cujos olhos são como pederneiras, que vens de Sequem (Letópolis), não agi com fraude.
8 - Salve, ó tu, Chama, que vens como vais, não furtei as coisas que pertencem a Deus.
9 - Salve, ó tu, Esmagador de Ossos,  que vens de Suten-henen (Heracleópolis), não proferi falsidades.
10 - Salve, ó tu, que fazes forte a chama para a cera, que vens de Hetca-Pta (Mênfis), não furtei comida.
11 - Salve, Querti (isto é, os dois manaciais do Nilo), que vindes de Amentet (Amenti), não proferi palavras más.
12 - Salve, ó tu, cujos dentes brilham como o sol, que vens de Ta-she (isto é, Faium), não ataquei homem algum.
13 - Salve, ó tu, que consomes sangue, que vens da casa do abate, eu não matei os animais do templo.
14 - Salve, ó tu, que consomes as entranhas de pecadores, que vem da câmara mabet, não defraudei.
15 - Salve, ó tu, deus da Justiça e da Verdade, que vens da cidade da dupla Maat, não saqueei as terras aradas.
16 - Salve, ó tu, que andas para trás, que vens da cidade de Bast (Bubastis) , nunca me intrometi em assuntos alheios para criar discórdia.
17 - Salve, Aati, ó tu, que vens de Anu (Heliópolis), não pus minha boca em movimento contra nenhum homem.
18 - Salve, ó tu, que és duplamente mau (espírito Tatuf), que vens do nomo de Ati, não dei vazão à cólera em relação a mim sem causa.
19 - Salve, ó tu, serpente Uamenti, que vens da casa da matança, não conspurquei a mulher de homem algum.
20 - Salve, ó tu, que velas sobre o que é trazido para ele, que vens do Templo de Ansu, não pequei contra a pureza.
21 - Salve, chefe dos divinos Príncipes, que vens da cidade de Nehatu, não despertei medo em ninguém.
22 - Salve, Quemi (isto é, Destruidor), que vens do Lago de Caui, não violei tempos e estações sagradas.
23 - Salve, ó tu, que ordenaste a fala, que vens de Urit, não me entreguei à cólera.
24 - Salve, ó tu, Criança, que vens do Lago de Hec-at, não me fiz de surdo às palavras da Justiça e da verdade.
25 - Salve, ó tu, que dispões da fala, que vens da cidade de Unes, não provoquei lutas.
26 - Salve, Basti, que vens da cidade Secreta (que apareces nos Mistérios), não fiz nenhum homem chorar.
27 - Salve, ó tu, Her-Fy-MHa-Tep-Fy-Ert-Fy-Dbw-Tep-F (cujo rosto está voltado para trás), que vens da Residência, não cometi atos de impureza, nem me deitei com homens.
28 - Salve, Perna de Fogo, que vens de Akhekhu, não comi meu coração (isto é, “eu não destruí meu coração” ou “não perdi a calma e me zanguei”).
29 - Salve, Quenemti, que vens da cidade de Kenemet, não maltratei homem algum (ou não amaldiçoei ninguém).
30 - Salve, ó tu, que trazes tua oferenda, que vens da cidade de Sau (Saís), não agi com violência.
31 - Salve, ó tu, Nebt-Heri (isto é, senhor dos rostos ou aquele cujas faces são múltiplas), que vens da cidade de Tchefet , não agi precipitadamente.
32 - Salve, ó tu, que dás conhecimentos, que vens de Unth, não faltei com o respeito aos deuses.
33 - Salve, ó tu, senhor dos dois chifres, que vens de Santiú, não multipliquei minha fala em demasia.
34 - Salve, ó tu, Nefer-Tem, que vens de Hetca-Ptá (Mênfis), não agi com fraude, nem obrei com perversidade.
35 - Salve, ó tu, Tem-Sep, que vens de Tetu (Djedu), não amaldiçoei o rei.
36 - Salve, ó tu, cujo coração trabalha, que vens da cidade de Debti, eu jamais poluí as águas.
37 - Salve, Ahi da água, que vens de Nu, não tornei soberba a minha voz.
38 - Salve, ó tu, Hed-Rexty, que dás ordens à humanidade (que ordenas aos iniciados), que vens de Zsat (Sau), eu não maldisse o deus.
39 - Salve, Neheb-Nefert, que vens do Lago de Nefer, não procedi com insolência.
40 - Salve, Nehebe-Kau, que vens da tua cidade (caverna), não tenho buscado distinções (ou “não agi com desdém”).
41 - Salve, ó tu, Tseru-Tep (isto é, cuja cabeça é sagrada), que vens da tua habitação (santuário), não aumentei minha riqueza, a não ser com as coisas que são justamente minhas.
42 - Salve, ó tu Ena-F (que trazes teu próprio braço), que vens de Auquert (mundo inferior), não desprezei o deus que está em minha cidade.

Bibliografia:
- BUDGE, Sir E. A. WALLIS, O livro egípcio dos mortos. 13ª edição. Pensamento-Cultrix. 2010. 567 pp.
- SELEEM, RAMSES, O livro dos mortos do antigo Egito. Tradução: Ligia Capobianco. 2ª edição. São Paulo. Madras. 2005. 175 pp.
- Bíblia de Jerusalém, Nova edição revista e ampliada. São Paulo. Paulus. 20/08/2002.


[1] Povo que habitou o Monte Hebron.
[2] A Ísis particular, representação física da Mãe Divina.
[3] Variante, “não causei sofrimento, não causei aflição.”
[4] Variante: “não fraudei os deuses das suas oblatas seletas de comida”.
[5] O demônio com cara de crocodilo. Representa o tempo, o renascimento como pessoa humana, retorno ao vale do samsara. Se o iniciado não for aprovado no julgamento, será devorado por Am-met, isto é, deverá renascer. 

sábado, 5 de novembro de 2011

A vida secreta das plantas - sinopse


A vida secreta das plantas
Peter Tompkins e Christopher Bird

Desde os tempos mais remotos que, em todas as culturas os homens adquiriram profundos conhecimentos sobre a vida das plantas, sempre em relação com uma concepção universal de vida, conhecimento que se integrava nas grandes ciências da Alquimia, Astrologia, Medicina, etc.

As fontes principais deste saber foram as Escolas de Mistérios e a comunicação directa dos Médico-Magos com os elfos, silfos, fadas, duendes e demais espíritos elementais que convivem com as plantas, os quais intruiram o homem. Tão grandes conhecimentos foram-se perdendo gradualmente com o correr dos milénios, com brilhantes renascimentos na Grécia, Roma e entre os celtas, até às últimas luzes impulsionadas pelos povos incas e aztecas.

Passado o desastre da queda do Império Romano, e após séculos de obscurantismo, um novo hálito da Tradição desperta a Europa e a partir de Itália surge o Renascimento; génios da talha de Da Vinci, Paracelso ou Giordano Bruno, entre outros, permitiram que o Ocidente redescobrisse aquelas antigas Ciências, ainda que isso só fosse possível de maneira muito fragmentária.

O materialismo desenvolvido a partir do século XVII foi obstruindo cada vez mais esses contactos e, enquanto se edificava uma pseudociência mecanicista e dogmática, perdeu-se lentamente a capacidade de percepcionar o lado subtil da Natureza e os seus habitantes; alcançaram-se concepções muito precisas do mundo material em contraste com uma ignorância quase absoluta do invisível, verdadeiro agente dos fenómenos físicos e químicos.

No século XX, em que o materialismo entronizou a sua miopia, foram definitivamente cortados esses já tão frágeis vínculos. Chegou-se a considerar a vida como uma mera dinâmica de fenómenos ordenados, mas sem nenhuma transcendência. Os seres foram vistos como coisas que possuiam um mecanismo vital, e em consequência disso afirmou-se que nas plantas existia um tal fenómeno e que, por isso estavam vivas.

No meio desta obscuridade surgiu a figura singular de Helena Blavatsky que, apesar da incompreensão e da intolerância reinantes, manteve vigente num selecto grupo de mentes lúcidas a concepção da Vida-Una. 

Assim chegámos ao século XX, onde uma série de descobertas dera à Ciência oficial a possibilidade de considerar fenómenos que se afastavam de sua própria óptica materialista; e sem por isso abandonar as suas alienações, começa a estudar com maior humildade e menos preconceitos determinados fenómenos considerados noutros tempos pouco sérios. O cientista do século XIX foi intransigente, manifestando orgulhosamente o seu pretenso saber; o do século XX, pelo contrário, menciona os seus achados com muita cautela. E o facto é que na segunda metade do nosso século experiências inquestionáveis obrigaram-no à mais extrema prudência, face à probabilidade da vida ser uma realidade para além do estritamente material.

Estamos quiçá, assistindo à aceitação de algo que os esoteristas de todos os tempos afirmaram: que as plantas e tudo quanto existe têm tanta vida como nós e o Universo na sua totalidade.

Paracelso
Não podemos, nesta breve resenha dedicada à vida oculta das plantas, deixar de mencionar a grande figura de Paracelso.

Nos inícios do Renascimento, ao lado de outras grandes personagens, surge o génio maravilhoso de um grande alquimista e médico ilustre chamado Aureolus Philipo Teofrastos Bombast de Hohenheim.
Nasceu em Einsiedeln, Suiça, em 10 de Novembro de 1943; desde muito jovem o seu pais ensinou-lhe que a Medicina se encontra na Natureza, e só aí é que os homens deviam buscá-la. Dado que tinha um físico muito frágil, o seu pai levava-o a viajar constantemente, convencido de que a mudança de ares o fortificaria. Nessas viagens aprendeu a conhecer as plantas que tinham propriedades curativas ou tóxicas, seu pai também o iniciou nos conhecimentos de Medicina, Cirurgia, Alquimia, Teologia e Latim. Ainda muito jovem conheceu em Levanthal o bispo beneditino Eberhard Baungartner, tido como um dos mais notáveis alquimistas do seu tempo, recebendo os seus ensinamentos com grande avidez. No entanto, o seu maior anseio era poder curar os enfermos, orientando sempre a sua formação para esse fim.

Mais tarde viajou para Basileia, onde aprendeu ainda mais sobre Astrologia e outras Ciências afins. Porém os ensinamentos da Universidade conservavam o espírito medieval pleno de conhecimentos anquilosados; assim, decide procurar um verdadeiro Mestre embarcando para Wurzburg ao encontro do abade beneditino Tritemius, autêntico Adepto, que o instruiu na verdadeira Ciência. Dada a sua vocação, orientou tudo o que aprendeu para a cura das doenças, valendo-se principalmente das propriedades das plantas, assim como de comunicações com os espíritos elementais da Natureza, como ele próprio refere. Deu a conhecer, mais tarde, através de publicações, alguns ensinamentos de carácter ocultista, aplicados sempre à Medicina que tanto amou. Destaca entre os seus ensinamentos o que se refere à inter-relação das plantas com as múltiplas manifestações dos seres vivos no Cosmos, e que definiu como “Signatura”.

O seu amplo espírito levou-o a utilizar diversas vertentes no campo das terapêuticas, tais como a Fitoterapia, a Homeopatia e medicamentos de origem mineral. Chegou a desenvolver uma verdadeira Medicina mágica, aproximando-se de uma certa forma dos Mestres-Magos da Antiguidade.
É a ele, pois, que devemos a pequena chave deste conhecimento oculto, que oferecemos ao leitor através do presente artigo.

As plantas, o Homem e o Cosmos

Em 1966, Backster, famoso técnico na detecção de mentiras através de um galvanómetro, teve o impulso de conectar os seus eléctrodos às folhas duma dracena, acompanhando a reacção desta face à água vertida sobre as suas raízes. Qual não foi o seu espanto ao ver que o galvanómetro produzia um gráfico com linhas extremamente acidentadas: seria possível que a planta fosse capaz de exteriorizar emoções?

A maneira mais eficiente de provocar num ser humano uma reacção suficientemente forte para que o galvanómetro salte é ameaçar pôr em perigo o seu bem-estar. Foi precisamente isto que Backster decidiu fazer à planta: introduzir uma folha de dracena na sua chávena de café quente; o galvanómetro não registou nada. Reflectiu um momento e ocorreu-lhe uma ameaça maior: queimar a folha a que tinha aplicado os eléctrodos. No próprio momento em que pensou nisso o gráfico descreveu uma prolongada linha ascendente. Backster não se tinha movido na direcção da planta nem do gravador. Seria possível que a dracena estivesse lendo o seu pensamento?

Saiu da sala e voltou em seguida com alguns fósforos, observando então que o gráfico registava outro traço brusco para cima, sem dúvida causado pela sua determinação em levar à prática a ameaça que tinha pensado. Dispôs-se a queimar a folha. Desta vez o gráfico assinalou uma reacção mais baixa. Quando, efectivamente, começou a fazer os movimentos de tentar queimar as folhas, não houve reacção alguma. A planta parecia capaz de saber distinguir entre uma tentativa verdadeira e outra simulada.

Backster também comprovou que quando as plantas se viam irremediavelmente ameaçadas, recorriam ao “desmaio”. Assim, a sua planta não reagia a nenhum estímulo sempre que se encontrava na presença de um fisiólogo, cujo trabalho requeria destruir plantas a fim de obter o seu extrato seco.

Para averiguar se as plantas possuiam uma certa forma de memória deu-se início a um plano segundo o qual Backster iria tentar identificar o assassino secreto de uma planta. Seis estudantes, com os olhos vendados, tiraram à sorte um papelinho dobrado de um saco, havendo num deles instruções para arrancar e destruir completamente uma das suas plantas existentes numa sala contígua. O “assassino” tinha que cometer o crime em segredo, com a outra planta por única testemunha. Conectando a planta sobrevivente com um polígrafo e fazendo com que os alunos desfilassem um a um diante dela, Backster conseguiu identificar o culpado, pois só na presença de um deles é que a planta descreveu no polígrafo uma curva frenética de movimentos; a seguir, o estudante confirmou ter sido ele o “assassino”.

Numa outra série de observações, Backster notou que parecia criar-se uma espécie de vínculo de afinidade entre uma planta e o seu tratador, qualquer que fosse a distância que os separasse. Chegou a esta apreciação mediante cronómetros e anotando todas as suas actividades durante o dia, comprovando logo que a curva descrita pelo polígrafo coincidia com as diferentes emoções vividas pela planta ao longo da jornada.

Vogel, cientista inspirado nas experiências de Backster, dispôs três folhas na cabeceira da sua cama e todas as manhãs durante um minuto, exortava amorosamente duas delas a viver, ignorando deliberadamente a outra. Passado uma semana, esta última estava murcha, enquanto que as outras mostravam-se viçosas. Um dia convidou um psicólogo a ir a sua casa; a planta da sala, que tinha um polígrafo conectado, teve uma reacção instantânea e intensa, ficando de repente como morta. Quando Vogel perguntou ao psicólogo em que é que tinha pensado, este respondeu-lhe que tinha comparado mentalmente o filolendro de Vogel com um que tinha em casa, e pensou quão inferior era o de Vogel ao seu. De uma forma evidente, a planta de Vogel mostrou-se tão cruelmente ferida “nos seus sentimentos” que se recusou a reagir durante o resto do dia; com efeito, esteve quase duas semanas sombria e mal-humorada. A partir daí Vogel não teve dúvidas de que as plantas podiam ter aversão aos pensamentos dos seres humanos.

Isto não foi apenas comprovado com seres humanos; Backster pôde demonstrar a um grupo de estudantes da Universidade de Yale que os movimentos de uma aranha na sala em que uma planta estava conectada com o seu equipamento podiam originar importantes alterações no gráfico produzido por esta como, por exemplo, imediatamente antes da aranha escapar a uma tentativa humana de limitar os seus movimentos.
“Parecia – comentava Backster – que a planta captava cada uma das decisões da aranha em fugir, causando uma reacção na folha”.

Numa outra ocasião Backster cortou-se num dedo e untou-o com iodo; a planta que estava a ser observada por meio do polígrafo reagiu imediatamente à morte, segundo parece, de algumas células do dedo.

“A faculdade de sentir – assegura Backster – não parece acabar no nível celular. Pode-se estender ao molecular, ao atómico e até ao subatómico. Concluindo, todas as classes de seres que foram consideradas, convencionalmente, inanimadas, necessitam de uma nova avaliação”.

As plantas e a música

Dorothy Retallack, organista e soprano profissional que tinha dado concertos no Beacon Club de Denver, começou a realizar uma experiência biológica de laboratório com plantas. Juntamente com a amiga formaram dois grupos diferentes de plantas, entre as quais havia filolendros, milho, rabanetes, gerânios, etc. Em seguida, frente a um dos grupos, fizeram soar segundo a segundo as notas musicais “Si” e “Ré”, tocadas a piano e gravadas numa fita magnética; aqueles sons aborrecidos e monótonos, após três semanas de experimentação, fizeram com que todas as plantas começassem a murchar, e algumas delas, inclusivé, afastaram-se da fonte do som, como se fossem desviadas por uma forte ventania. O grupo de plantas que se tinha desenvolvido em paz floresceu.

Também realizou uma experiência de oito semanas com cabaças de Verão, transmitindo para o seu interior música de duas estações de rádio de Denver: uma delas “rock”, e a outra, música clássica. As cucurbitáceas não foram de modo algum indiferentes a estes dois estilos musicais: as expostas às peças de Haydn, Beethoven, Brahms, Schubert e de outros autores europeus dos séculos XVIII e XIX, orientaram-se na direcção do aparelho de rádio, e uma delas enroscou-se amorosamente em torno do transistor. As outras cabaças desenvolveram-se de forma a evitar a música “rock”, e até tentaram trepar pelas paredes resvaladiças da sua caixa de cristal. Em princípios de 1969, a senhora Retallack organizou uma série de ensaios semelhantes com milho, cabaças, petúnias, calêndulas, etc., tendo obtido o mesmo resultado. A música “rock” fazia que, de início, algumas plantas crescessem anormalmente altas e com folhas excessivamente pequenas, ou que ficassem paralisadas; ao cabo de quinze dias, todas as calêndulas tinham morrido, enquanto que outras idênticas, às quais chegavam os compassos de música clássica, floresciam a dois metros dali. Ocorreu algo ainda mais interessante: durante a primeira semana, as plantas expostas à música “rock”consumiam muito mais água do que as expostas à música clássica, embora tirassem menor proveito, já que ao examinar as suas raízes estas estavam esquálidas e só tinham uma polegada de longitude, ao passo que as do outro grupo eram grossas, espessas e quatro vezes mais compridas. Vemos, pois, que um determinado tipo de música exerce influências benéficas no crescimento e desenvolvimento das plantas, graças à sensibilidade que estas possuem, enquanto que outros ritmos produzem efeitos negativos, impedindo o seu desenvolvimento ou provocando enfermidades e, inclusivé, a morte.
Uma vez mais corroboramos a íntima vinculação das plantas com o meio ambiente.

Os Chamanes

O Médico-Mago da Antiguidade, que acumulava uma enorme Sabedoria ao longo dos tempos e dos ciclos históricos, tem na actualidade um modesto mas não menos enigmático herdeiro, o “chamane”.
Os chamanes, os “medicine man” dos povos marginais de todo o mundo, não são supersticiosos ignorantes que pretendem conjurar forças estranhas que desconhecem ou temem; bem pelo contrário; são, no seu meio, personagens de uma reputada capacidade e inteligência, e que reúnem condições de liderança face aos seus semelhantes.

Para alguém se tornar chamane de um povo é fundamental ter uma particular disposição ou abertura para com o mundo natural, o que lhe permite comunicar activamente com a Natureza, com o Espírito das montanhas, dos vales, dos bosques, dos animais e das plantas.

Um aspecto essencial destes singelos médico-magos é, pois, a possibilidade de entrarem em comunicação com os elementais das plantas, estabelecendo com eles uma espécie de diálogo que lhes permite encontrar o tipo de substâncias vegetais que podem utilizar para tratar determinadas maleitas dos seus povos; segundo as suas próprias referências, este diálogo é levado a cabo através das técnicas do êxtase. Segundo os investigadores, há milhares de anos atrás os estados místicos alcançavam-se por vontade própria, ao passo que actualmente os chamanes perderam muito do seu poder e necessitam de utilizar plantas alucinogéneas para realizarem o seu labor; não obstante, é preciso reconhecer neles um passado de alguma forma vigente, um conhecimento intuitivo da vida secreta das plantas, e hoje a Ciência actual voltou o seu olhar para eles em busca de tratamentos mais naturais. No entanto, esta Ciência não chega a compreender que o que necessita de aplicar não é uma maior acumulação de conhecimentos e de técnicas, mas uma concepção radicalmente diferente do Universo. Entretanto, próximo de nós estão estes seres singelos que preservam da soberba e ignorância do nosso século conhecimentos fabulosos.
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Download do livro:
http://rapidshare.com/files/342954073/Avida_secretadasPlantas-Livroc.rar.html

A vida secreta das plantas

A Vida Secreta das Plantas
Documentario da BBC "The Private Life of Plants" - 1995.
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A vida secreta das plantas. David Attenborough descreve vividamente os aspectos mais intrigantes do comportamento de plantas desde o deserto do Sahara escaldante até à superfície gelada da Antártida. Espectaculares e dramáticas sequências filmadas com movimentos rápidos e técnicas de computador, revelam um mundo cheio de beleza natural, ferocidade e actividade.

Diferente da idéia do livro, ele não nos traz as pesquisas científicas que ratificam a consciência das plantas, mas nos maravilha com imagens fantásticas do crescimento acelerado, de como elas enfrentam as maiores adversidades e dos incríveis mecanismos desenvolvidos para possibilitar a sobrevivência.
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1º CD: A caminhada, o desenvolvimento, a floração.
2º CD: A luta social, o convívio, a sobrevivência.
Dublado.
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Há muitos destaques impressionantes:
- As plantas parasitas e a figueira assassina.
- A ação dos fungos, em alguns momentos decompositores e em outros reconstituintes. Sua forma de desenvolvimento.
- A ação necessária do fogo e incêndios florestais provocados pelas próprias plantas.
- Não são os animais (entre eles o homem) que se alimentam do trigo. É o trigo que se utiliza dos animais para continuar sobrevivendo e se espalhando ao redor do mundo.
- O show de cores das flores e frutos como forma de comunicação com o reino animal.

Esse incrível personagem, David Attenborough, está para o mundo vegetal assim como Jacques Costeau está para o mundo aquático.

Vale a pena dedicar algumas horas do seu dia assistindo esse documentário.

Abraços.

Daniel.


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