Catexia
Catexia ou investimento é o processo pelo qual a energia libidinal
disponível na psiquê é vinculada à representação mental de uma pessoa, idéia ou
coisa ou investida nesses mesmos conceitos. Em outras palavras, a raiva que se
sente contra uma pessoa é uma catexia ou fixação de energia na representação
mental dessa pessoa (e não nela como objeto externo).
Juntamente com o conceito de libido, Sigmund Freud dedicou os seus
estudos a definir a catexia. Uma vez que a libido foi catexizada, ela perde sua
mobilidade original e não pode mais ser alternada para novos objetos, como
normalmente seria possível, ficando enraizada na parte da psiquê que a atraiu e
reteve.
Estudos psicanalíticos sobre o luto interpretam o desinteresse por
parte dos sobreviventes sobre as ocupações normais e a preocupação com o
recente finado como uma migração da libido dos relacionamentos habituais e
cotidianos e uma catexia extrema na pessoa perdida. Catexia é relacionada a
sentimentos de amor, ódio, raiva, entre outros relacionados ao objeto. A
decatexia é o processo inverso, a frieza total em relação ao objeto como ocorre
na depressão, marcada por apatia e desinteresse.
Freud, ao estudar o atributo que os impulsos têm de impelir o homem à
atividade, considerou-o análogo ao conceito de energia física, que se define
como a capacidade de produzir trabalho. Assim, Freud entendeu que uma parte dos
impulsos pode ser considerada energia psíquica.
Portanto, presume-se que há um quantitativo de energia psíquica com o
qual uma determinada pessoa ou objeto estão investidos.
A palavra que Freud escolheu para designar esse conceito vem do alemão
besetzung, traduzido para o inglês por cathexis, em português – catexia.
Segundo Terzis (2001), a catexia é nada mais que o desejo. Parece que a
motivação inerente ao ser humano possui um continuum
de força que se torna perceptível em suas ações.
Tomando a libido como exemplo de uma dada quantidade de dinheiro, a
Catexia seria o processo de investir esse dinheiro. Digamos, então, que uma
porção do dinheiro foi investida (catexizada), permanecendo nessa hipotética
aplicação e deixando algo a menos do montante original para investir em outro
lugar.
A teoria psicanalítica se interessa em compreender onde a libido foi
catexizada inadequadamente. Uma vez liberada ou redirecionada, esta mesma
energia ficará disponível para satisfazer outras necessidades habituais. A
necessidade de liberar energias presas também se encontra nos trabalhos de
Rogers e Maslow, assim como no Budismo. Cada uma dessas teorias chega a diferentes
conclusões a respeito da fonte da energia psíquica, mas todos concordam com a
alegação freudiana de que a identificação e a canalização dessa energia são uma
questão importante na compreensão da personalidade.
Do ponto de vista da psicologia gnóstica, a catexia é o processo de
identificação, em que a pessoa fica com a atenção (consciência) presa em uma
situação, evento, palavra, objeto ou pessoa. Nos casos em que há projeção de
emoção e desejo juntamente com a energia psíquica, então ocorre a paixão.
Quando uma pessoa está sofrendo de catexia por outra (está apaixonada),
toda sua libido (energia psíquica) está direcionada, vinculada ou aprisionada
na representação emocional e mental da pessoa desejada.
Se houver correspondência na catexia, então tem-se início um
relacionamento, uma troca de libido em diversos graus de diferenciação -
emocional, mental, psíquico e intuicional. Ocorre um desabrochar da psique dos
indivíduos, como uma planta que estava adormecida durante todo o inverno e
retoma seu crescimento intensamente com a chegada da primavera. O resultado
deste choque psico-sexual ou psico-libidinal, é o que Jung chama de
diferenciação ou individuação. É o desenvolvimento interior, segundo os
gnósticos.
Por outro lado, quando não ocorre correspondência na catexia, quando o
"amor" não é correspondido, quando o desejo não é satisfeito ou
atendido, ou ainda, quando o espelho não reflete a imagem esperada, o resultado
é a frustração, angústia, desorientação, insegurança, medo, desassossego
emocional, desânimo, inatividade, desinteresse pela vida, alienação, rancor,
revolta, rebeldia, podendo chegar aos extremos da agressividade, violência e
homicídio.
Para que o indivíduo não chegue a tais extremos, o seu inconsciente
desenvolveu diversos mecanismos de defesa, a fim de preservar sua integridade
psíquica.
Contra-catexia - mecanismos
de defesa do inconsciente
Como nosso espaço é curto, apenas citaremos os diversos elementos ou
reações do inconsciente.
Estes mecanismos são defesas utilizadas pelo ego diante de impulsos e desejos
reprimidos no inconsciente, que impedem com que os mesmos irrompam para o
consciente, provocando ansiedade, desconforto ou até mesmo um enfraquecimento
do ego, levando a sintomas psiconeuróticos ou até mesmo, psicóticos.
Portanto, podemos considerar esses mecanismos de defesa um tanto quanto
positivos, pois eles impedem que conteúdos inaceitáveis do nosso inconsciente
venham a emergir. Todavia, se o uso desses mecanismos de defesa se tornam muito
freqüentes e constantes, também podem ser motivo de preocupação, pois o
indivíduo também estará fugindo do contato objetivo com a realidade.
Principais mecanismos de defesa:
- Repressão;
- Formação reativa;
- Isolamento;
- Anulação;
- Negação;
- Projeção;
- Volta-se contra si próprio;
- Regressão;
- Sublimação;
- Introjeção;
- Fantasia;
- Racionalização;
- Intelectualização.
Catexia Ligada, Livre
e Solta
No seu "A Revolução da Dialética", Samael Aun Weor explica
que existem 3 classes de energia atuando no Cosmo e na Natureza e, por Lei de
Ressonância, dentro do próprio ser humano.
Essas 3 classes de energia psíquica são chamadas de CATESIS ou
CATEXIAS.
1 - Catexia Ligada: energia puramente espiritual, de nosso Ser.
2 - Catexia Livre: são as energias da própria natureza, o
prana, o magnetismo, as forças forte e fraca, a energia da gravidade.
3 - Catexia Solta: que é a energia mental mal cristalizada,
ou, em última instância, energia sexual mal cristalizada. Samael chama essa
classe de energia de ENERGETISMO NEGATIVO DA NATUREZA...
O interessante é que esse postulado de Freud vem ao encontro dos
ensinamentos gnósticos de Samael.
Há 3 níveis de UTILIZAÇÃO de Energia Psíquica dentro e fora do
organismo, e os manipuladores dessa energia psíquica vêm a ser justamente
ESSÊNCIA, EGO E NATUREZA (personalidade e forças cósmicas ou naturais).
Quando a energia psíquica, interna, é canalizada e utilizada pelo Ego,
então esse fenômeno é chamado de CATEXIA SOLTA.
Quando essa energia psíquica é canalizada e utilizada pelo Ser, pela
Essência, esse fenômeno é chamado de CATEXIA LIGADA.
E quando ela é selvagem, instintiva, nem boa nem má, então é chamada de
CATEXIA LIVRE.
A Catexia Solta é o que interessa preponderantemente ao gnóstico, pois
é por aí que conhecemos as diversas formas de manifestação do Ego no dia-a-dia.
Existem 3 formas distintas de expressão, ou Estados Psíquicos da
Catexia Solta (Ego):
1) Estereopsíquicos - São os estados identificativos que estão
intimamente relacionados com as percepções exteriores recebidas através dos
cinco sentidos e que estão vinculadas ao mundo das impressões.
2) Neopsíquicos - São os estados processadores de dados,
isto é, os que bem ou mal interpretam todas as múltiplas situações que o animal
intelectual vive. Nestes estados, quem trabalha é a nossa má secretária: a
personalidade.
3) Arqueopsíquicos - São os estados regressivos - a memória do
Ego - os quais se encontram nos 49 níveis do subconsciente. São as lembranças
do passado que ficam arquivadas nas formas fotográfica e fonográfica.
Referências:
- Freud. Teoria da Personalidade.
- A Revolução da Dialética. Samael Aun Weor.