quarta-feira, 25 de setembro de 2013

O Amor é uma Dor



"Um poeminha pra você. inspiração vinda direta do salão (de beleza)."
Mayana Simões




Não é a mais bela do seu jardim
não é exótica como orquídeas
não é lírio com seus odores
não é rosa, rainha das flores

Mas as outras sempre vão
demasiado delicadas
ou belas demais para não serem podadas
vão enfeitar mesas da realeza
nauseando o ambiente de beleza.

Todas as outras, tão mais especiais,
mas pouco convictas
se vão com as formigas

Morrem intencionalmente
para nascer em outro jardim.
Enganam, fingem que sofrem.
Murcham e se contorcem.
Mas por dentro sorri!

Porém nem todas são assim,
fantasiadas de pétalas vermelhas.
Refiro-me às larvas de jardim.
Com voz hipnoticamente macia
recitam notas e poesia,
mas nenhuma de própria autoria.
Com olhares incandescentes
Sereias entorpecentes
Dissimuladas rosas cálidas
Perfumadas, mas ordinárias
Passionais e irracionais
Rainhas Mornas!!!

Se vão...
com choro nos olhos
riso no coração
Proserpinas essas são.

Mas ela fica
ela sempre fica
sem perfume
sem malícia
Ela fica!

Permanece
Enfrenta intempéries
com as raízes profundas
alimenta-se de prece.
Da terra absorve sabedoria
Por vezes grita, indigna-se.
Mas no fim ela fica!

Chora sozinha,
pois ao beija-flor pouco vale,
enquanto o tolo pássaro
desperdiça sua energia
com falsas rosas tíbias.

A terra secou, ninguém aguou
Mas ela ali ficou
e ela brotou
mesmo ferida pelas pragas
ela brotou
e mais forte se tornou!

Não é a mais bela
nem a mais perfumada
mas seu pólen é nutritivo
seu néctar puro e exclusivo.

Ela fica!!!
Não por não ter onde ir
mas por ter os motivos mais justos.
Porque não vive só de aparências
Vive mesmo é de Thelema.

Beija-flor amigo,
Se sou digna de um conselho
escute o que digo:
Mais vale uma simples flor sem odores
mas de verdadeiros valores
que uma bela rosa de plástico
de enganosos espinhos
a todos acessível
e com aroma artificial
de corante sintético
com doce olhar de ressaca patético.

sábado, 21 de setembro de 2013

Se eu morresse amanhã

Se eu morresse amanhã...
Pasárgada não conheceria.
Mais amor não desenvolveria.
Para os filhos a idolatria.
As filhas emocionaria.
À esposa magoaria.
Porque ir antes de mim ela queria.

Se eu morresse amanhã...
Dos amigos eu pediria
No velório uma última companhia.
Brindes como se estivéssemos na tequilaria
Sem receios de expressar alegria
Cientes de que na próxima estação os esperaria.

Se eu morresse amanhã...
Minha fortuna para trás deixaria
Mas minhas dívidas também compartilharia.
Entre tantos, o gerente do banco mais se ressentiria
Pois o meu sangue ele não mais teria.

Se eu morresse amanhã...
Uma carta hoje escreveria
De um momento de lucidez a fotografia.
Sem traumas ou saudades deste mundo eu partiria.
Como bom artista inacabada esta obra deixaria
Porque sei que se de mil anos dispusesse
A perfeição nunca alcançaria.

Se eu morresse amanhã...
Muitos companheiros de jornada reencontraria.
E muitos outros aqui deixaria.
E essa marcha da vida assim continuaria
Independente se nós morrêssemos de tristeza ou de alegria.

Daniel.