sábado, 31 de março de 2012

Os Gnósticos através da história

Quem são os Gnósticos.

Acompanhe o estudo da National Geographic sobre os Evangelhos Gnósticos ou os Pergaminhos do Mar Morto.
O assunto veio à tona muito intensamente após a descoberta do Evangelho de Judas, em 2006.

O Evangelho de Judas é um evangelho apócrifo, atribuído a autores gnósticos nos meados do século II, composto de 26 páginas de papiro escrito em copta dialectal que revela as relações de Judas com Jesus Cristo sob uma outra perspectiva: Judas não teria traído Jesus, e sim, atendido a um pedido deste ao denunciá-lo aos romanos.
Desaparecido por quase 1700 anos, a única cópia conhecida do documento foi publicada em 6 de abril de 2006 pela revista National Geographic. O manuscrito, autentificado como datando do século III ou IV (220 a 340 D.C.), é uma cópia de uma versão mais antiga redigida em grego. Contrariamente à versão dos quatro Evangelhos oficiais, este texto clama que Judas era o discípulo mais fiel a Jesus, e aquele que mais compreendia os seus ensinamentos. O seu conteúdo consiste basicamente em ensinamentos de Jesus para Judas, apresentando informações sobre uma estrutura hierárquica de seres angelicais e uma outra versão para a criação do universo.




Esse outro vídeo apresenta o Evangelho de Thomé.




O EGO

O estudo do Ego é infinito.
Então temos que começar logo.
Quanto menos ego, mais espiritualidade.

Segue algumas explicações curtas sobre o ego.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Parábola do elefante

Parábola do elefante

 Esta é uma lenda da Índia sobre a dificuldade humana para compreender a realidade:
“Numa antiga cidade da Índia viviam seis cegos. Eles sempre ouviam falar do majestoso elefante do Rajá (príncipe), até que um dia resolveram examinar diretamente o grande animal. 
Chegando perto do elefante, o primeiro cego conseguiu colocar a mão na sua barriga. Então, gritando disse:
- O elefante é com um muro.
Porém, o segundo cego segurou numa das presas e, ouvindo o amigo, protestou:
- Não, o elefante é pontiagudo e duro com uma lança!
O terceiro cego, agarrando a tromba, discordou:
- O elefante é como uma serpente.
O quarto cego, pegando a enorme perna  do animal disse:
- Vocês estão loucos. O elefante é como o tronco de uma árvore!
O quinto cego, ouvindo a confusão dos amigos decidiu saltar para cima do animal. Segurou, então, uma das enormes orelhas  do elefante e disse:
- Todos vocês são idiotas se não percebem que o elefante é um grande leque de abano.
Por fim, o sexto cego, cuidadosamente, segurou a cauda e disse:
- Calem-se todos. O elefante é uma corda resistente.”

A mensagem dessa lenda serve de alerta para muitas situações. 
No estudo da História, por exemplo, algumas pessoas se comportam como os seis cegos da Índia. Percebem e compreendem uma parte da realidade e concluem, orgulhosamente, que descobriram a verdade total.
Em relação ao trabalho de apreensão do Conhecimento Universal as coisas se dão da mesma forma. O grau de realidade ou Verdade que podemos captar do mundo está limitado pelo nosso nível de Consciência, que a princípio é de 3%. Partindo do conceito de que Consciência é “capacidade de ver e perceber o óbvio, o que está diante de nós aqui e agora”, tanto mais enxergaremos a realidade das coisas quanto maior for o nosso nível  de Consciência.
Outro destaque é em relação ao funcionamento da mente. A mente subjugada pelo ego tem um padrão de ação muito característico. Alardeia sua descoberta como suprema verdade em detrimento do conhecimento apreendido por outras mentes. Procura consolidar-se como dona da verdade e ao mesmo tempo anular as outras áreas de pesquisa e conhecimento.
Marca registrada dos homens do tipo intelectual, do tipo Pistis.

Daniel.



quarta-feira, 21 de março de 2012

Nefilins


Introdução

Desde que nos conhecemos como pessoas, como seres pensantes, a família e a sociedade tem nos incultido conceitos, dogmas religiosos, normas sociais, que assimilamos por respeito aos mais velhos e por medo das instituições educacionais, religiosas, sociais ou políticas.

Elohim

Deus criou os Elohim. Os Elohim criaram os Nefilins. Os Nefilins criaram os homens.

Elohim (do hebraico םיהלא , םיִהֹולֱא ) é a palavra utilizada para designar as divindades ou o nome dos criadores do homem, também é o nome do grupo de seres conhecidos como Os Valentes da Antiguidade que originaram os Nefilins.
O termo Elohim está no plural e significa: “Os Elevados” ou “Deuses e Deusas”. Em hebraico é utilizado o termo masculino EL: “O Elevado” ou “Deus” para representar um ser físico e próximo ao homem como cita o livro do Gênesis 17:1:
“Eu sou El Shaddai”
A palavra shaddai em hebraico tem origem na palavra Acadiana shaddu que significa Montanha, uma alusão ao Deus de Moisés presente no Monte Sinai. Eu sou El Shaddai ou Eu sou o Deus das Montanhas.
O termo feminino Eloah é a representação no singular do termo Elohim significando óbviamente: “A Elevada” ou “Deusa”; A palavra Elohim recebeu a característica de nome para um único Deus a partir de errôneas transcrições dos textos em hebraicos para o idioma grego e que perduram até os dias atuais, esta descaracterização tem origem em incorretas interpretações de escribas e copistas que não compreenderam o verdadeiro significado da expressão primária:
ab-reshit bara elohim que significa O pai do começo criou Elohim, os céus e a terra
De acordo com a bíblia hebraica Elohim são os criadores do homem à sua própria imagem e semelhança e também são os genitores dos Nefilin como afirma em Gênesis 6:4:
Naqueles dias estavam os nefilins na terra, e também depois, quando os filhos de Elohim conheceram as filhas dos homens, as quais lhes deram filhos. Esses nefilins eram os valentes, os homens de renome, que houve na antigüidade”.
O versículo descreve por si só que no período antes do dilúvio e também depois os filhos de Elohim que praticaram sexo com as filhas dos homens e geraram os gigantes ficaram conhecidos como Nefilim. Sendo conhecido que o termo Nefilim significa Os desertores ou Os caídos fica melhor entendido que é de Elohim, ou seja, de Deuses e Deusas que os Nefilins se tornaram traidores, desertores devido a suas transgressões para como as mulheres dos homens.
Assim, portanto, podemos compreender que Elohim se refere a uma espécie, um povo, ou forma de vida inteligente com a mesma imagem e semelhança humana (“Esses Nefilins eram os valentes, os homens de renome, que houve na antigüidade”). Gênesis 1:26,27
“E disse Elohim: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra.
E criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”.
É importante lembrar que em nenhum momento a bíblia cita que somos imagem e semelhança de Iavé/Javé como afirma o versículo bíblico, outra grande diferença entre Elohim e Iavé/Javé é a representação de Iavé/Javé como um Deus sem imagem enquanto Elohim é muito mais presente e próximo do homem fisicamente;
Se o termo Bereshit bara Elohim et hashamayim ve'et ha'arets iniciasse com a primeira letra hebraica Alef, a origem da letra grega Alfa - “Eu sou o Alfa e o Ômega” - o termo ficaria da forma original e correta: Ab reshit bara Elohim et hashamayim ve'et ha'arets.
“O pai do princípio criou Elohim, os céus e a terra”.
Com essa pequena mudança simplesmente começando com a letra que inicia tudo, um criador de tudo, onipotente e onipresente emerge do oculto inicial e se transforma no Ômega revelando para a humanidade os segredos da criação.
Possivelmente este foi o grande desafio encontrado por escribas e copistas hebreus, que por sua vez transcreveram e traduziram antigos documentos. Removendo a letra que inicia tudo (Alfa) da expressão Ab reshit bara Elohim ET hashamayim ve'et ha'arets transformaram o termo em Bereshit bara Elohim et hashamayim ve'et ha'arets. Assim encontraram a forma de interpretar um único Deus, fortalecendo a base do monoteísmo e descaracterizando o politeísmo ou paganismo que a expressão O pai do princípio criou Elohim, os céus e a terra.
Estudiosos e gramáticos judeus e cristãos têm afirmado que a forma plural teria o sentido de plural majestático, ou seja, uma reafirmação do poder da divindade (algo como “Poderosissímo”), apesar de algumas ramificações cristãs reconhecerem aspectos trinitarianos no uso do termo.

Nefilins

Nefilim, do hebraico נְפִלנ ְפִיל - nefilím, que significa desertores, caídos, derrubados, tiranos, mas tal termo é uma variação do termo נָפַל. Deriva da forma causativa do verbo nafál ou nefal (derrubar, cortar). Traz uma idéia de dividido, falho, queda, perdido, mentiroso, desertor. Literalmente os que fazem os outros cair ou mentir.
No Dicionário de Strong são chamados de tiranos. Em Aramaico, Nephila designa a constelação de Órion, que entre os hebreus era o anjo Shemhazai (Semyaza, Samyaza, Semyaze), conforme relatado no Livro de Enoque.
Na Bíblia esta palavra refere-se aos filhos de Elohim, os valentes e heróis da antigüidade, como relata o Livro do Gênesis 6:4.
 “¹Quando os homens começaram a ser numerosos sobre a face da terra, e lhes nasceram filhas, ²os filhos de Deus viram que as filhas dos homens eram belas; e tomaram como mulheres de todas as que lhes agradaram.
³IHWH disse: ‘Meu Espírito não permanecerá no homem; pois ele é carne; não viverá mais que cento e vinte anos.
4Ora, naquele tempo (e também depois), quando os filhos de Deus se uniam às filhas dos homens e estas lhes davam filhos, os Nefilins habitavam sobre a terra; esses homens famosos foram os heróis dos tempos antigos”.

Lembrando que a palavra Elohim em hebraico está no plural e significa “Os Elevados”, trazendo a referência lógica e clara de onde surgiram os Nefilins. Elohim é o primeiro povo na terra, ou “Os Filhos de Deus” segundo a bíblia. Nefilins portanto é o grupo de Elohim que se rebelaram adquirindo o epíteto que literalmente significa “Os Elevados Desertores”.
Os gigantes são o resultado de uma união entre duas espécies, seres que foram alterados geneticamente devido à compatibilidade entre as mulheres humanas e os Nefilins. Na bíblia podemos identificar alguns dos descendentes dos Nefilins na terra, por eles também serem antigos governantes, como aponta o livro de Números 13 (Parte do relatório dos doze homens enviados por Moisés para dar uma espiada em Canaã, terra que lhe fora prometida por IHWH. Como se deduz dessa passagem, a terra prometida já se encontrava ocupada):
“¹IHWH falou a Moisés e disse:
²Envia homens, um de cada tribo, para explorar a terra de Canaã, que vou dar aos Israelitas. Enviareis todos aqueles que sejam seus príncipes”.
(...)
Enviando-os a explorar a terra de Canaã, Moisés disse-lhes: “Ide pelo Negeb e subi a montanha. 18Examinai que terra é essa, e o povo que a habita, se é forte ou fraco, pequeno ou numeroso. 19Vede como é a terra onde habita, se é boa ou má, e como são as suas cidades, se muradas ou sem muros; 20examinai igualmente se o terreno é fértil ou estéril, e se há árvores ou não. Coragem! E trazei-nos dos frutos da terra.”
Era então a época das primeiras uvas. 21Partiram, pois, e exploraram a terra desde o deserto de Sin até Roob, no caminho de Emat[1]. 22Subiram ao Negeb e foram a Hebron, onde se encontravam Aquimã, Sesai e Tolmai, filhos de Enac. Hebron fora construída sete anos antes de Tânis do Egito. 23Chegaram ao vale de Escol, onde cortaram um ramo de vide com um cacho de uvas, que dois homens levaram numa vara; tomaram também consigo romãs e figos. 24Chamou-se a esse lugar vale de Escol[2], por causa do cacho que nele haviam cortado os israelitas.            
25Tendo voltado os exploradores, passados quarenta dias, 26foram ter com Moisés e Aarão e toda a assembléia dos israelitas em Cades, no deserto de Farã. Diante deles e de toda a multidão relataram a sua expedição e mostraram os frutos da terra.  
27Eis como narraram a Moisés a sua exploração: “Fomos à terra aonde nos enviaste. É verdadeiramente uma terra onde corre leite e mel, como se pode ver por esses frutos. 28Contudo o povo que a habita é poderoso, as cidades fortificadas, muito grandes; também vimos ali os filhos de Enac. 29Os amalecitas habitam na terra do Negeb; os hiteus, os jebuseus e os amorreus habitam nas montanhas, e os cananeus habitam junto ao mar e ao longo do Jordão.”        
30Caleb fez calar o povo que começava a murmurar contra Moisés, e disse: “Vamos e apoderemo-nos da terra, porque podemos conquistá-la. 31Mas os outros, que tinham ido com ele, diziam: “Não somos capazes de atacar esse povo; é mais forte do que nós. 32E diante dos filhos de Israel depreciaram a terra que tinham explorado: “A terra, disseram eles, que exploramos, devora os seus habitantes: os homens que vimos ali são de uma grande estatura; 33vimos até mesmo gigantes, filhos de Enac, descendência de gigantes. Tínhamos a impressão de sermos gafanhotos diante deles e assim também lhes parecíamos”.

Neste versículo há uma segunda referência aos filhos de Deus, onde são chamados de Anaquins. A Palavra Anaquin tem origem no idioma sumério (Escrita Cuneiforme) da palavra Suméria Anunnaki que significa Aqueles que do céu desceram à Terra, o que corrobora o versículo bíblico com as narrativas Sumérias e Mesopotâmica.
Em Deuteronômio 2:9 lemos:
“9Então IHWH me disse: não ataques os moabitas e não entres em guerra contra eles, porque não te darei nada de sua terra; foi aos filhos de Lot que dei Ar como herança. 10(Outrora habitavam os emim nessa terra. Era um povo grande, numeroso e de alta estatura, como os enacim. 11Também eles eram considerados refaim, como os enacim; os moabitas porém chamavam-nos emim. 12Em Seir habitavam também os horreus, os quais foram expulsos pelos filhos de Esaú. Estes, após os haverem exterminado, estabeleceram-se em seu lugar, como o fez Israel na terra que IHWH lhe deu em possessão).

Depois de compreendermos estes versículos fica mais esclarecedora a batalha citada no livro do Gênesis 14:
1No tempo de Anrafel, rei de Senaar, de Arioc, rei de Elasar, de Codorlaomor, rei de Elam e de Tadal, rei dos Goim, 2 aconteceu que estes reis fizeram guerra a Bara, rei de Sodoma, a Bersa, rei de Gomorra, a Senaab, rei de Adama, a Semeber, rei de Seboim e ao rei de Bela, isto é, Segor.
3Todos estes se juntaram no vale de Sidim, que é o mar Salgado. 4Durante doze anos eles tinham servido a Codorlaomor, mas no décimo terceiro ano tinham se revoltado.
5No décimo quarto ano, Codorlaomor pôs-se em marcha com os reis que se tinham aliado a ele, e desbarataram os Refaim em Astarot-Carnaim, e igualmente os Zuzin em Ham, os Emim na planície de Cariataim 6e os horreus, em sua montanha de Seir até El-Farã, cerca do deserto. 7Voltando, chegaram à fonte do julgamento, em Cadés, e devastaram a terra dos amalecitas, assim como os amorreus que habitavam em Asason-Tamar.

Mesmo não tendo nenhuma outra referência na bíblia sobre os Zuzins podemos logicamente concluir que os Zuzins também eram descendentes dos Nefilins na Terra. No livro de Deuteronômio podemos compreender que alguns povos apenas davam outros nomes aos filhos de Deus ou Nefilins e seus descendentes. Deuteronômio 2:20:
“Também essa é considerada terra de Refains; Outrora habitavam nela Refains, mas os Amonitas lhes chamam Zanzumins“.

Ao lermos Deuteronômio 3.11 e transformando o côvado em centímetros, concluímos que a cama de Ogue tinha quatro metros e meio de comprimento, por dois metros de largura!
4Tomamos então todas as suas cidades (não houve uma sequer que não caísse em nossas mãos), em número de sessenta, toda a região de Araob, o reino de Og, em Basã. 5Todas essas cidades eram fortificadas, com altas muralhas, portas e ferrolhos, sem contar as numerosas cidades abertas.   6Votamo-las ao interdito, como o tínhamos feito a Seon, rei de Hesebon, com os homens, as mulheres e as crianças. 7Mas reservamo-nos os animais e o espólio das cidades.
8Foi assim que tomamos naquele tempo, aos dois reis dos amorreus, o território que estava além do Jordão, desde a torrente do Arnon até a montanha do Hermon 9(os sidônios dão a Hermon o nome de Sarion, e os amorreus o de Sanir); 10todas as cidades da planície, todo o Galaad e todo o Basã, até Selca e Edrai, cidades do reino de Og, em Basã. 11(porque Og, rei de Basã, era o único que restava da raça dos refaim. Vê-se ainda o seu sarcófago, um sarcófago de basalto, em Rabat, cidade dos amonitas. Tem nove côvados de comprimento e quatro de largura, em côvados ordinários).
12Tomamos então posse dessa terra. Dei aos rubenitas e aos gaditas o território desde Aroer, que está no vale do Arnon, assim como a metade da montanha de Galaad, com suas cidades. 13Dei à meia tribo de Manassés o resto de Galaad e todo o Basã, reino de Og: toda a região de Argob, com todo o Basã; e o que se chama a terra dos refaim”.

Samuel, capítulo 21 – Feitos heróicos contra os filisteus:
18Depois disso, houve ainda um combate contra os filisteus em Gob, onde Sabocai, de Husa, matou Saf, um dos filhos de Rafa. 19E recomeçando o combate contra os filisteus em Gob, Elcanã, filho de Jaare-Oreguim, de Belém, matou Golias de Get, que levava uma lança, cujo cabo era como o cilindro de tecedor. 20Houve também um combate em Get. Encontrava-se ali um homem enorme que tinha seis dedos em cada mão e em cada pé, isto é, vinte e quatro dedos, e era também descendente de Rafa[3]. 21Como lançasse um desafio a Israel, prostrou-o Jônatas, filho de Sama, irmão de Davi. 22Esses quatro homens tinham nascido da estirpe de Rafa em Get, e caíram pela mão de Davi e de seus homens”.

Por que os habitantes de Sodoma e Gomorra, ao verem os anjos de Deus, em forma humana, entrando na casa de Ló, ajuntaram-se diante da casa, querendo, a todo custo, manter relações sexuais com eles? Sem dúvida já estavam acostumados a tal prática com seres sobrenaturais
A epístola de Judas refere-se cristalinamente a este fato, relacionando-o com a prática espúria. Vamos ler o texto com ênfases:
5 Quisera trazer-vos à memória, embora saibais todas estas coisas: IHWH, depois de ter salvo o povo da terra do Egito, fez em seguida perecer os incrédulos. 6Os anjos que não tinham guardado a dignidade de sua classe, mas abandonado os seus tronos[4], ele os guardou com laços eternos nas trevas para o julgamento do Grande Dia. 7Da mesma forma Sodoma, Gomorra e as cidades circunvizinhas, por se terem prostituído, procurando unir-se a seres de natureza diferente, jazem lá como exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno”.

Na Segunda Epístola de Pedro, a mesma alusão a anjos e a Sodoma e Gomorra dão conta de que tudo se combina, se coaduna e concorda:
“Porque Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo; e não perdoou ao mundo antigo, mas guardou a Noé, pregoeiro da justiça, com mais sete pessoas, ao trazer o dilúvio sobre o mundo dos ímpios; e condenou à subversão as cidades do Sodoma e Gomorra, reduzindo-as a cinza e pondo-as para exemplo aos que vivessem impiamente.”

Os refains passaram a dominar uma região fértil que ficou conhecida como “O Vale dos Refains”, conforme II Samuel 5.18.
Vamos ler um relato que fala claramente sobre os gigantes. Ele se encontra em I Crônicas 20.4-8. Neste relato vamos substituir a expressão Rafa, que foi colocada como um nome próprio pelos tradutores, mas não tem nada a ver com uma pessoa humana normal e que foi colocada na RC, como nota de pé de página as expressões “do gigante”, “o gigante” e “ao gigante”. Vamos pois substituir a expressão Rafa por sua tradução normal, que seria ANJO CAÍDO:
4E depois disto aconteceu que, levantando-se guerra em Gazer com os filisteus, então Sobecai, o husatita feriu a Safai dos filhos do ANJO CAÍDO[5]; e ficaram abatidos. 5E tornou a haver guerra com os filisteus: e Elcanã, filho de Jair, feriu a Lami, filho de Golias, de Gat, cuja haste da lança era como órgão de tecelão. 6E tornou a haver guerra em Gate; e havia ali um homem de grande estatura e tinha vinte e quatro dedos, seis em cada mão, e seis em cada pé, e também era da raça do ANJO CAÍDO. 7E injuriou a Israel: porém Jônatas, filho de Siméia, irmão de Davi, o feriu. 8Estes nasceram do ANJO CAÍDO em Gate: e caíram pela mão de Davi e pela mão dos seus guardas”.

Os gigantes não ressuscitarão. Por não fazerem parte da criação original de Deus, esses gigantes não ressuscitarão! Alguns textos bíblicos ficam muito esquisitos na tradução, porque os tradutores têm medo de traduzirem ao pé da letra algumas expressões. Assim sendo, mudam, modificam, acrescentam, retiram, interpretam, inventam, deturpam e violentam.
É o caso de Isaias 26.14 na tradução Revista e Atualizada da Bíblia:
“Mortos não tornarão a viver, sombras não ressuscitam; por isso os castigaste, e destruíste, e lhes fizeste perecer toda memória.”

Que tradução mais absurda! É claro, óbvio, ululantemente lógico, que sombras não ressuscitam, porque sombras nem morrem!
Senhores tradutores, por que não deixam que os leitores da Bíblia vejam a verdade, mesmo que esta verdade seja algo extraordinário, estranho, diferente e fora dos padrões determinados pelas organizações religiosas?
A tradução ao pé da letra é:
“Ao morrerem os refains, não tornarão a viver, não ressuscitarão”.

A expressão “sombras”, no original é “refains”, ou seja, a designação com que os gigantes ficaram, de maneira generalizada, sendo conhecidos.
Veja o contraste com o versículo 19:
“Os vossos mortos e também o meu cadáver VIVERÃO e RESSUSCITARÃO”.
Em Lamentações 3.6, lemos:
“Fez-me habitar em lugares tenebrosos, como os que estão MORTOS PARA SEMPRE.”
Eclesiástico, cap. 16:
7O fogo acender-se-á na assembléia do maus, e a cólera se inflamará sobre um povo incrédulo. 8Os gigantes não imploraram o perdão de seus pecados, e foram destruídos, apesar de terem confiados na própria força. 9Deus não poupou a terra onde residia Lot, mas abominou os seus habitantes por causa de sua insolência. 10Não teve pena deles, exterminou a nação inteira, que se engrandecia com o orgulho, apesar de seus pecados.


Referências

- Bíblia de Jerusalém - Velho Testamento: Gênesis 6:4; Gênesis 1:26,27; Gênesis 14; Números 13; Deuteronômio 2:9; Deuteronômio 2:20; Deuteronômio 3,11; Samuel 5,18; Samuel 21; Livro I de Crônicas 20; Isaías 26; Lamentações 3,16; Eclesiástico 16;
- Livro de Enoque (apócrifo);
- Epístola de Judas;
- Epístola de Pedro;
- Popol Vuh - Livro sagrado dos Maias;
- Fontes: Site Wikipédia;
- Site Morte Súbita (http://www.mortesubita.org/).
- Filme “O Alvo” (The Devil's Tomb - 2009);
- Filme “2008”;
- Filme “Impacto profundo” (Deep Impact – 1997);




[1] O extremo norte da Terra Prometida.
[2] Eschkol significa ‘uva’. Este vale fica perto de Hebron.
[3] Descendente dos gigantes.
[4] Por terem se deixado seduzir pelas filhas dos homens. Tema desenvolvido pelo Livro de Henoc (Henoc 12,4; 10,6).
[5] Ou um dos descendentes dos rafaim. 

sábado, 17 de março de 2012

O ópio do povo


O problema religioso

Mao dizia que a religião é o ópio do povo.
Concordo em parte. Esse pensamento é o eco do século XVIII.
Mas o problema não é a religião. A experiência religiosa é essencial para o desenvolvimento da psique. Estude o Popol Vuh e Chilam Balam dos Maias, os Vedas Hindus, Baghavad Ghita, o Kojiki japonês, os Evangelhos Apócrifos de Judas, Felipe e Madalena, a Kabala Judaica, o I Ching, a Epopéia de Gilgamesh, entre outros, e garanto que você enxergará o que está buscando.
Concordo que estudar somente a Bíblia Hebraica é um atraso cultural. É uma forma de congelar o cérebro. Nesse sentido, a Bíblia parece um câncer cultural.
De fato o problema são as pessoas, com suas mentes limitadas, emoções não desenvolvidas e lá no âmago, o ego, naturalmente desastroso e destruidor. As pessoas, ainda verdes, possuem o toque de Midas ao inverso. Causam estrago por onde passam, na religião, política, arte, medicina, música, ciência, etc.
A política é função extraordinária de desenvolvimento, embasada na moralidade e honra. Mas alguns políticos são almas podres.
A medicina é a Deusa da Vida em ação. Alguns médicos deveriam ser extirpados como um tumor.
A ciência é a garantia de evolução da civilização. Um cientista criou a bomba atômica.
A religião é o caminho para a espiritualização e o estandarte da Verdade. Alguns religiosos são os promotores da escravidão psíquica e a fraude dos fiéis.
A má atuação das pessoas é o que mais se destaca, propagando-se rapidamente.
Mas como Hegel disserta, a religião é o ópio que a inconsciência humana precisa para suportar sua escuridão e seguir andando.

Ópio do povo

A comparação da religião com o ópio não é original de Marx e já tinha aparecido, por exemplo, em escritos de Immanuel Kant, Herder, Ludwig Feuerbach, Bruno Bauer, Moses Hess e Heinrich Heine. Este último, em 1840, no seu ensaio sobre Ludwig Börne escreveu:
Bendita seja uma religião, que derrama no amargo cálice da humanidade sofredora algumas doces e soporíferas gotas de ópio espiritual, algumas gotas de amor, fé e esperança.
Moses Hess, num ensaio publicado na Suíça em 1843, também utilizou a mesma idéia: A religião pode fazer suportável [...] a infeliz consciência de servidão... de igual forma o ópio é de boa ajuda em angustiantes doenças.

Contexto original

A frase está na Crítica da filosofia do direito de Hegel, obra escrita em 1843 e publicada em 1844 no jornal Deutsch-Französischen Jahrbücher, que Marx editava com Arnold Roge. Seu contexto imediato é o seguinte:
"É este o fundamento da crítica irreligiosa: o homem faz a religião, a religião não faz o homem. E a religião é de fato a autoconsciência e o sentimento de si do homem, que ou não se encontrou ainda ou voltou a se perder. Mas o Homem não é um ser abstrato, acocorado fora do mundo. O homem é o mundo do homem, o Estado, a sociedade. Este Estado e esta sociedade produzem a religião, uma consciência invertida do mundo, porque eles são um mundo invertido. A religião é a teoria geral deste mundo, o seu resumo enciclopédico, a sua lógica em forma popular, o seu point d'honneur espiritualista, o seu entusiasmo, a sua sanção moral, o seu complemento solene, a sua base geral de consolação e de justificação. É a realização fantástica da essência humana, porque a essência humana não possui verdadeira realidade. Por conseguinte, a luta contra a religião é, indiretamente, a luta contra aquele mundo cujo aroma espiritual é a religião.
A miséria religiosa constitui ao mesmo tempo a expressão da miséria real e o protesto contra a miséria real. A religião é o suspiro da criatura oprimida, o ânimo de um mundo sem coração e a alma de situações sem alma. A religião é o ópio do povo.
A abolição da religião enquanto felicidade ilusória dos homens é a exigência da sua felicidade real. O apelo para que abandonem as ilusões a respeito da sua condição é o apelo para abandonarem uma condição que precisa de ilusões. A crítica da religião é, pois, o germe da crítica do vale de lágrimas, do qual a religião é a auréola.
A crítica arrancou as flores imaginárias dos grilhões, não para que o homem os suporte sem fantasias ou consolo, mas para que lance fora os grilhões e a flor viva brote. A crítica da religião liberta o homem da ilusão, de modo que pense, atue e configure a sua realidade como homem que perdeu as ilusões e reconquistou a razão, a fim de que ele gire em torno de si mesmo e, assim, em volta do seu verdadeiro sol. A religião é apenas o sol ilusório que gira em volta do homem enquanto ele não circula em tomo de si mesmo.
Conseqüentemente, a tarefa da história, depois que o outro mundo da verdade se desvaneceu, é estabelecer a verdade deste mundo. A tarefa imediata da filosofia, que está a serviço da história, é desmascarar a auto-alienação humana nas suas formas não sagradas, agora que ela foi desmascarada na sua forma sagrada. A crítica do céu transforma-se deste modo em crítica da terra, a crítica da religião em crítica do direito, e a crítica da teologia em crítica da política."
Citações.

Editado em 17.03.2012.
Atualizado em 10.04.2013.
Atualizado em 24.03.2018.

Crítica da filosofia do direito de Hegel; São Paulo: Boitempo Editorial, 2005, páginas 146/147. 

Conhecimento


O Conhecimento


Há diversas categorias de conhecimento, de acordo com sua finalidade ou área de manifestação.
Os Gregos, por exemplo, possuíam vários vocábulos para o “conhecimento”, sendo Episteme um dos mais importantes. Existe ainda a Techne, com significado similar. Qual a diferença?
A intensa relação dos gregos com o conhecimento levou ao desenvolvimento desses diversos termos, através dos quais eles podiam discriminar e nuançar diversos tipos de conhecimento.
Pela mesma razão, porém, diferentes pensadores gregos deram significados distintos para estes mesmos termos. As descrições abaixo procuram capturar um consenso possível a respeito de seus significados.
Techne refere-se ao que normalmente chamamos de Técnica, ou talvez mesmo Tecnologia. É o saber do artesão, “saber fazer”, conhecimento prático.
Episteme diz respeito ao saber superior, mas aplicado. Está relacionado ao que chamamos de Ciência, o conhecimento científico, indo além da Techne, por ser um conhecimento que inclui leis e causas. O artesão sabe fazer algo, mas não sabe os porquês por trás do que faz.
Gnosis é o grau mais alto de Conhecimento. É o conhecimento das causas primeiras, do princípio do Cosmos. Para os Gregos, Gnosis representava um conhecimento profundo e superior do mundo e do homem. Para Platão, esse era o conhecimento da essência do Universo, seu Princípio e seu Fim. Sua busca era para ele o sentido da vida humana. Esta é a razão pela qual diversos movimentos filosófico-religiosos de cunho esotérico são chamados de Gnósticos, na medida em que pregam a salvação pelo conhecimento do Divino, reservado apenas aos iniciados.
Infelizmente, é freqüente a confusão entre Gnosis, um conceito grego autônomo e perene, e os referidos movimentos.
O Mito é outra categoria de “conhecimento especial”. Já temos aprendido que as diversas mitologias não são fábulas fantasiosas. A palavra mito, etimologicamente, vêm do grego “Mythos”, que Homero exprime como “palavra”, “discurso” ou “narrativa”, e que Platão contrapõe à “Logos”, também do grego, que significa “razão”. Portanto, mito é a palavra narrada e que simboliza uma realidade que vive, não um mero conceito limitado e circunscrito, e que por definição não surgiu de uma seqüência meramente racional, mas de uma linguagem acima da razão, dirigida à consciência.
Jnana é o termo sânscrito para conhecimento. No Hinduísmo significa conhecimento verdadeiro. No Budismo, o termo se refere ao puro despertar.
No Tibet encontramos os VEDAS, que em sânscrito significa “Conhecimento”. O Rig Veda, “Livro dos Hinos”, é o Primeiro Veda e é, com certeza, o mais importante veda, pois todos os outros derivaram dele. Rig Veda é o Veda mais antigo e, ao mesmo tempo, o documento mais antigo da literatura hindu. Independentemente do valor interno, o Primeiro Veda é valiosíssimo pela sua antiguidade. Foi escrito por volta de 1700–1100 a. C. durante o período védico em Punjabe (Sapta Sindhu), fazendo dele um dos mais antigos textos de qualquer linguagem Indo-Européia e um dos textos religiosos mais antigos do mundo. Foi preservado por séculos somente por tradição oral e provavelmente não foi escrito até a baixa Idade Média. São estes os quadro Vedas: Rig Veda; Sama Veda; Yajur Veda; Atharva Veda.
A Kabala se constitui dos Mistérios contidos no Judaísmo. Os Judeus possuíam as chaves para a compreensão dos mistérios. DAAT é a Sephirah secreta, e dentro da linguagem kabalística significava “Conhecimento”.
A palavra para “conhecimento” em aramaico, no Oriente Médio, é MANDA.


“Te advirto, seja tu quem fores, oh tu que desejas sondar os arcanos da natureza, se não encontras dentro de ti aquilo que buscas, tampouco o poderás encontrar fora.
Se tu ignoras as excelências de tua própria casa, como pretender encontrar outras excelências?
Em ti está oculto o tesouro dos tesouros.
Oh homem, conhece a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses!”

Tales de Mileto

O filho da viúva

Esse relato dúplice de sua vida corresponde ao relato também dúplice que temos da vida de Cristo. Há em grande parte uma história pessoal a par de uma história secundária, de caráter mitológico, sobreposta àquela. 
De acordo com o mito da vida de Cristo, foi ele filho de uma virgem, e ele não teve nenhum pai legítimo a se postar entre ele e o pai arquetípico. 
O mito de Mani nos diz que ele foi o “filho da viúva”, e que não teve nenhum pai legítimo a se postar entre ele e a sabedoria secreta que herdou dos pais ancestrais. 
Há um padrão semelhante aqui, ainda que os detalhes não sejam exatamente os mesmos. Esse estado de coisas – a falta de um pai legítimo aliada a uma disponibilidade particular a uma ligação com o pai arquetípico – é um modelo reconhecível na psicologia de certos homens. Quando há a falta do pai no começo dos anos de formação da criança, abre-se um buraco no nível pessoal da psique. Há uma acessibilidade direta ou abertura entre o ego e as camadas mais profundas da psique arquetípica, sobretudo o arquétipo do pai, de vez que este é o que não passou pela encarnação pessoal comum através de um relacionamento com um pai humano. 
Não há nenhum “amortecedor” entre o ego e o arquétipo. Em muitas famílias em que falta um dos pais, a ausência do pai é desastrosa; o surgimento de um profeta religioso não é a consequência comum. A falta do pai com mais probabilidade gera um indivíduo em quem os aspectos primitivos e atávicos do arquétipo masculino vêm à luz; mas quando o ego é o bastante para a tarefa, a sabedoria arquetípica pode irromper, e há um potencial para que se crie um profeta. 
Cristo, nessa situação, tem a experiência de si mesmo como o filho de seu pai celestial; 
Mani se reconhece a si mesmo como o herdeiro de Scythianos[2], o pai ancestral. 
Embora a figura pessoal falte, a sabedoria arquetípica flui diretamente, por assim dizer.

A Psique na Antiguidade. F. Edinger, Edward
Perspectiva Junguiana.


[1] A Psique na Antiguidade começou na forma de duas séries de palestras dadas no Instituto C. G. Jung em Los Angeles no inverno de 1993 e 1994.
[2] Os citas conhecidos por Heródoto se chamavam de Skolotoi. A palavra grega Skythes provavelmente reflete uma versão antiga do mesmo nome, Skuda - (onde Heródoto transcreveu o som [ð], que não lhe era familiar, pelo lâmbda, -toi representa a terminação plural do iraniano do nordeste, -ta). O termo, que originalmente significava "atirador", "arqueiro", veio por sua vez da raiz proto-indo-europeia *skeud- "atirar", "arremessar". (paralelo ao inglês shoot, e ao alemão Schütze). O nome usado pelos sogdianos para se referir a si próprios, Sw?d, pode representar uma palavra relacionada (*Skuda > *Suuda com uma vogal anaptítica). A palavra também aparece no assírio, na forma Aškuzai ou Iškuzai ("cita"). Pode ter sido a fonte para o termo bíblico Ashkenaz (transl. škuz, que foi grafada erroneamente como ’šknz), que originou o termo judaico posterior para se referir às áreas germânicas da Europa Central, e foi usado como forma de auto-descrição pelos judeus asquenazitas que ali viviam entre os Ashkenazim ("alemães"), que eram chamados então de teutônicos ou Wendels. Os antigos persas usavam outro nome para os citas, sacas (saka), que talvez seja um derivado da raiz verbal sak- "ir", "vagar", ou seja, "andarilho", "nômade". Os chineses conheciam os sacas citas asiáticos) como Sai (caracter chinês: ?; sinítico antigo: *sak). A província iraniana do Sistão (Sistan) recebeu seu nome do tradicional Sacastão (Sakistan, a terra dos saka).  


sexta-feira, 16 de março de 2012

Cognitio quae sera tamen





Conhecei, ainda que tardiamente.
Nunca é tarde para aprender.
Nunca é tarde para despertar. Desperta-se num instante. 
Nunca é tarde para ser feliz. A felicidade está aqui.
Nunca é tarde para amar. O amor é agora.








Cresci observando um “porta-caixa de fósforo” da minha mãe na cozinha lá de casa. Quando aprendi a ler, enxerguei esta frase – “Nunca é tarde para ser feliz”.
Sempre soou engraçada, meio sem sentido. Frase de doido, na minha visão de jovem.
Hoje agradeço as pegadas deixadas pelos filósofos, mesmo que em suportes de caixas de fósforo.
Outra frase que sempre me instigou é a que aparece na bandeira do Estado de Minas Gerais – “Libertas quae sera tamen”.
Hoje compreendo um pouco melhor esta resumida tradução da intenção do poeta Virgílio, como reza a sua 1ª écloga:
A Liberdade, a qual inda que tarde
Contudo sobre mim então inerte
Quando eu já branca tinha a minha barba,
Sua vista lançou mui favoráveis.

Sim teus olhos pôs em mim, e chegou
Longo tempo depois, quando Amaryllis[1]
Em seu poder nos tem, e Galateia
De todo nos deixou inteiramente.

Enquanto eu vivia de Galateia
Escravo (a verdade confessarei)
Da liberdade esperança não tinha,
Nem de meus lucros aumentar cuidado.

Inda que de meus apriscos sabissem
Muitas rezes e queijos excelentes
Para esta cidade ingrata levasse,
Sem dinheiro à casa recolhia.

A liberdade é a sede do cativo.
O conhecimento é a liberdade do ignorante.
Conheça a Verdade e te sentirás mais livre, mais desamarrado.
Conhecei a Verdade, e mesmo que ela apenas alcance teus cabelos brancos, ainda assim saborearás a liberdade.
Tarde é melhor que nunca.



[1] Amaryllis e Galateia são metonímias. Toma-se essa pastora pela cidade de Mântua e aquela pela de Roma.  

O medo


O medo

Nossos medos não detém a morte, e sim o amor e a vida. O medo, com todo seu poder, não pode vencer nem deter a morte, mas pode deter o fluxo da vida que nos conduz à paz interior.

O mar, que é manso e transparente, também pode arremeter com toda sua força e representar um sério perigo para quem está ao seu redor. Assim é o medo; para salvar nossas vidas, ajuda-nos a perceber todo tipo de perigo, desde os mais leves até os mais turbulentos e destrutivos, mas também pode nos paralisar, ofuscar a razão e o entendimento, fazendo-nos viver uma vida miserável e, em alguns casos extremos, levar-nos à morte.
Você já sentiu medo de perder a pessoa que ama? Por medo de perder essa pessoa, já fez coisas que iam contra seu coração? Já se sentiu paralisado diante de uma situação que não esperava? Já sentiu muita tensão e medo, achando que algo ruim ia acontecer e, passando o tempo, deu-se conta de que nada aconteceu?
O medo é uma emoção básica, gerada espontaneamente e que nos deixa de sobreaviso diante de um perigo iminente. O medo ativa a circulação do sangue, os músculos maiores se fortalecem e seu corpo reage para que possa escapar de uma situação que o pode afetar. O medo, visto assim, é útil e necessário em nossas vidas. O problema surge quando sua mente, com todas as idéias preconcebidas, crenças e experiências do passado, entra em contato com essa emoção, fazendo com que se transforme em um medo irracional ou em um falso medo que pode paralisar, ofuscar o entendimento e levá-lo a agir sem razão. Nesse momento criam-se as fobias e o pânico infundado.
Temos a crença de que o amor e o ódio são opostos, quando na realidade esta é uma falsa crença. Nesse momento você pode estar amando uma pessoa e, de repente, ela o menospreza, rejeita ou faz algo que você considera uma ofensa; imediatamente você pode transformar o que sentia em ódio. Mas se essa pessoa lhe der uma justificativa, abraçá-lo e demonstrar um verdadeiro arrependimento, facilmente tornará a amá-la. Ou seja, o amor e o ódio são a mesma energia, complementam-se e se transformam constantemente.
O que é diametralmente oposto ao amor é o medo. Nunca podem compartilhar o mesmo espaço, como o fazem o amor e o ódio. Durante toda a vida disseram-nos que para amar realmente devemos possuir e ter ao nosso lado a pessoa amada. Mas, na realidade, isso é o que nos causa sofrimento, devido ao medo de perder essa pessoa. Chamamos isso de apego. Por essa razão, o alimento predileto do apego é o medo. Quanto mais se agarrar ao medo, mais o amor enfraquecerá. Isso nos mostra que, inconscientemente, estamos baseando nossas relações afetivas no medo e no apego, em vez de fazê-lo no amor. O amor nutre a relação e lhe dá o poder de desfrutar e experimentar a vida de diversas maneiras, ao passo que o medo o paralisa e incapacita para viver uma vida tranqüila e serena.
Ensinaram-nos a buscar o amor e a felicidade em coisas externas, superficiais e passageiras, e ao sentirmos que essas coisas vão embora e não as podemos ter, damos oportunidade ao apego para ser nosso verdugo, para nos maltratar e deteriorar nossa vida. Nesse momento, o medo se apodera de nós, pois acreditamos que não podemos ser felizes sem essas coisas. Portanto, se enfrentarmos nossos medos e os eliminarmos, destruiremos as raízes pelas quais o apego se nutre e se fortalece. Quando isso acontece, desfrutamos o amor no verdadeiro estado de consciência.
Nossas vidas estão cheias de medos camuflados sutilmente em nossa inconsciência. Para poder trabalhar a fundo nossos medos e nos libertarmos, primeiro devemos identificar nossos medos mais freqüentes.
Quais são os medos que sentimos quando temos uma relação afetiva na qual depositamos nossa felicidade? Medo da solidão, de perder a pessoa amada, de perder o conforto.

Eu te amo, mas sou feliz sem você. Jaime Jaramillo.