sexta-feira, 16 de março de 2012

Cognitio quae sera tamen





Conhecei, ainda que tardiamente.
Nunca é tarde para aprender.
Nunca é tarde para despertar. Desperta-se num instante. 
Nunca é tarde para ser feliz. A felicidade está aqui.
Nunca é tarde para amar. O amor é agora.








Cresci observando um “porta-caixa de fósforo” da minha mãe na cozinha lá de casa. Quando aprendi a ler, enxerguei esta frase – “Nunca é tarde para ser feliz”.
Sempre soou engraçada, meio sem sentido. Frase de doido, na minha visão de jovem.
Hoje agradeço as pegadas deixadas pelos filósofos, mesmo que em suportes de caixas de fósforo.
Outra frase que sempre me instigou é a que aparece na bandeira do Estado de Minas Gerais – “Libertas quae sera tamen”.
Hoje compreendo um pouco melhor esta resumida tradução da intenção do poeta Virgílio, como reza a sua 1ª écloga:
A Liberdade, a qual inda que tarde
Contudo sobre mim então inerte
Quando eu já branca tinha a minha barba,
Sua vista lançou mui favoráveis.

Sim teus olhos pôs em mim, e chegou
Longo tempo depois, quando Amaryllis[1]
Em seu poder nos tem, e Galateia
De todo nos deixou inteiramente.

Enquanto eu vivia de Galateia
Escravo (a verdade confessarei)
Da liberdade esperança não tinha,
Nem de meus lucros aumentar cuidado.

Inda que de meus apriscos sabissem
Muitas rezes e queijos excelentes
Para esta cidade ingrata levasse,
Sem dinheiro à casa recolhia.

A liberdade é a sede do cativo.
O conhecimento é a liberdade do ignorante.
Conheça a Verdade e te sentirás mais livre, mais desamarrado.
Conhecei a Verdade, e mesmo que ela apenas alcance teus cabelos brancos, ainda assim saborearás a liberdade.
Tarde é melhor que nunca.



[1] Amaryllis e Galateia são metonímias. Toma-se essa pastora pela cidade de Mântua e aquela pela de Roma.  

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