A vida secreta das plantas
Peter Tompkins e Christopher Bird
Desde os tempos mais remotos que, em todas as
culturas os homens adquiriram profundos conhecimentos sobre a vida das
plantas, sempre em relação com uma concepção universal de vida,
conhecimento que se integrava nas grandes ciências da Alquimia, Astrologia,
Medicina, etc.
As fontes principais deste saber foram as
Escolas de Mistérios e a comunicação directa dos Médico-Magos com os elfos,
silfos, fadas, duendes e demais espíritos elementais que convivem com as
plantas, os quais intruiram o homem. Tão grandes conhecimentos foram-se
perdendo gradualmente com o correr dos milénios, com brilhantes renascimentos
na Grécia, Roma e entre os celtas, até às últimas luzes impulsionadas pelos
povos incas e aztecas.
Passado o desastre da queda do Império Romano, e
após séculos de obscurantismo, um novo hálito da Tradição desperta a Europa e a
partir de Itália surge o Renascimento; génios da talha de Da Vinci, Paracelso
ou Giordano Bruno, entre outros, permitiram que o Ocidente redescobrisse
aquelas antigas Ciências, ainda que isso só fosse possível de maneira muito
fragmentária.
O materialismo desenvolvido a partir do século
XVII foi obstruindo cada vez mais esses contactos e, enquanto se edificava uma
pseudociência mecanicista e dogmática, perdeu-se lentamente a capacidade de
percepcionar o lado subtil da Natureza e os seus habitantes; alcançaram-se
concepções muito precisas do mundo material em contraste com uma ignorância
quase absoluta do invisível, verdadeiro agente dos fenómenos físicos e
químicos.
No século XX, em que o materialismo entronizou a
sua miopia, foram definitivamente cortados esses já tão frágeis vínculos.
Chegou-se a considerar a vida como uma mera dinâmica de fenómenos ordenados,
mas sem nenhuma transcendência. Os seres foram vistos como coisas que possuiam
um mecanismo vital, e em consequência disso afirmou-se que nas plantas existia
um tal fenómeno e que, por isso estavam vivas.
No meio desta obscuridade surgiu a figura
singular de Helena Blavatsky que, apesar da incompreensão e da intolerância
reinantes, manteve vigente num selecto grupo de mentes lúcidas a concepção da
Vida-Una.
Assim chegámos ao século XX, onde uma série de descobertas dera à Ciência
oficial a possibilidade de considerar fenómenos que se afastavam de sua própria
óptica materialista; e sem por isso abandonar as suas alienações, começa a
estudar com maior humildade e menos preconceitos determinados fenómenos
considerados noutros tempos pouco sérios. O cientista do século XIX foi
intransigente, manifestando orgulhosamente o seu pretenso saber; o do século
XX, pelo contrário, menciona os seus achados com muita cautela. E o facto é que
na segunda metade do nosso século experiências inquestionáveis obrigaram-no à
mais extrema prudência, face à probabilidade da vida ser uma realidade para
além do estritamente material.
Estamos quiçá, assistindo à aceitação de algo
que os esoteristas de todos os tempos afirmaram: que as plantas e tudo quanto
existe têm tanta vida como nós e o Universo na sua totalidade.
Paracelso
Não podemos, nesta breve resenha dedicada à vida
oculta das plantas, deixar de mencionar a grande figura de Paracelso.
Nos inícios do Renascimento, ao lado de outras
grandes personagens, surge o génio maravilhoso de um grande alquimista e médico
ilustre chamado Aureolus Philipo Teofrastos Bombast de Hohenheim.
Nasceu em Einsiedeln, Suiça, em 10 de Novembro
de 1943; desde muito jovem o seu pais ensinou-lhe que a Medicina se encontra na
Natureza, e só aí é que os homens deviam buscá-la. Dado que tinha um físico
muito frágil, o seu pai levava-o a viajar constantemente, convencido de que a
mudança de ares o fortificaria. Nessas viagens aprendeu a conhecer as plantas
que tinham propriedades curativas ou tóxicas, seu pai também o iniciou nos
conhecimentos de Medicina, Cirurgia, Alquimia, Teologia e Latim. Ainda muito
jovem conheceu em Levanthal o bispo beneditino Eberhard Baungartner, tido como
um dos mais notáveis alquimistas do seu tempo, recebendo os seus ensinamentos
com grande avidez. No entanto, o seu maior anseio era poder curar os enfermos,
orientando sempre a sua formação para esse fim.
Mais tarde viajou para Basileia, onde aprendeu
ainda mais sobre Astrologia e outras Ciências afins. Porém os ensinamentos da
Universidade conservavam o espírito medieval pleno de conhecimentos
anquilosados; assim, decide procurar um verdadeiro Mestre embarcando para
Wurzburg ao encontro do abade beneditino Tritemius, autêntico Adepto, que o
instruiu na verdadeira Ciência. Dada a sua vocação, orientou tudo o que
aprendeu para a cura das doenças, valendo-se principalmente das propriedades
das plantas, assim como de comunicações com os espíritos elementais da
Natureza, como ele próprio refere. Deu a conhecer, mais tarde, através de
publicações, alguns ensinamentos de carácter ocultista, aplicados sempre à
Medicina que tanto amou. Destaca entre os seus ensinamentos o que se refere à
inter-relação das plantas com as múltiplas manifestações dos seres vivos no Cosmos,
e que definiu como “Signatura”.
O seu amplo espírito levou-o a utilizar diversas
vertentes no campo das terapêuticas, tais como a Fitoterapia, a Homeopatia e
medicamentos de origem mineral. Chegou a desenvolver uma verdadeira Medicina
mágica, aproximando-se de uma certa forma dos Mestres-Magos da Antiguidade.
É a ele, pois, que devemos a pequena chave deste
conhecimento oculto, que oferecemos ao leitor através do presente artigo.
As
plantas, o Homem e o Cosmos
Em 1966, Backster, famoso técnico na detecção de
mentiras através de um galvanómetro, teve o impulso de conectar os seus
eléctrodos às folhas duma dracena, acompanhando a reacção desta face à água
vertida sobre as suas raízes. Qual não foi o seu espanto ao ver que o
galvanómetro produzia um gráfico com linhas extremamente acidentadas: seria
possível que a planta fosse capaz de exteriorizar emoções?
A maneira mais eficiente de provocar num ser
humano uma reacção suficientemente forte para que o galvanómetro salte é
ameaçar pôr em perigo o seu bem-estar. Foi precisamente isto que Backster
decidiu fazer à planta: introduzir uma folha de dracena na sua chávena de café
quente; o galvanómetro não registou nada. Reflectiu um momento e ocorreu-lhe
uma ameaça maior: queimar a folha a que tinha aplicado os eléctrodos. No
próprio momento em que pensou nisso o gráfico descreveu uma prolongada linha
ascendente. Backster não se tinha movido na direcção da planta nem do gravador.
Seria possível que a dracena estivesse lendo o seu pensamento?
Saiu da sala e voltou em seguida com alguns fósforos, observando então que o gráfico registava outro traço brusco para cima, sem dúvida causado pela sua determinação em levar à prática a ameaça que tinha pensado. Dispôs-se a queimar a folha. Desta vez o gráfico assinalou uma reacção mais baixa. Quando, efectivamente, começou a fazer os movimentos de tentar queimar as folhas, não houve reacção alguma. A planta parecia capaz de saber distinguir entre uma tentativa verdadeira e outra simulada.
Backster também comprovou que quando as plantas
se viam irremediavelmente ameaçadas, recorriam ao “desmaio”. Assim, a sua
planta não reagia a nenhum estímulo sempre que se encontrava na presença de um
fisiólogo, cujo trabalho requeria destruir plantas a fim de obter o seu extrato
seco.
Para averiguar se as plantas possuiam uma certa
forma de memória deu-se início a um plano segundo o qual Backster iria tentar
identificar o assassino secreto de uma planta. Seis estudantes, com os olhos
vendados, tiraram à sorte um papelinho dobrado de um saco, havendo num deles
instruções para arrancar e destruir completamente uma das suas plantas
existentes numa sala contígua. O “assassino” tinha que cometer o crime em
segredo, com a outra planta por única testemunha. Conectando a planta
sobrevivente com um polígrafo e fazendo com que os alunos desfilassem um a um
diante dela, Backster conseguiu identificar o culpado, pois só na presença de
um deles é que a planta descreveu no polígrafo uma curva frenética de
movimentos; a seguir, o estudante confirmou ter sido ele o “assassino”.
Numa outra série de observações, Backster notou
que parecia criar-se uma espécie de vínculo de afinidade entre uma planta e o
seu tratador, qualquer que fosse a distância que os separasse. Chegou a esta
apreciação mediante cronómetros e anotando todas as suas actividades durante o
dia, comprovando logo que a curva descrita pelo polígrafo coincidia com as
diferentes emoções vividas pela planta ao longo da jornada.
Vogel, cientista inspirado nas experiências de
Backster, dispôs três folhas na cabeceira da sua cama e todas as manhãs durante
um minuto, exortava amorosamente duas delas a viver, ignorando deliberadamente
a outra. Passado uma semana, esta última estava murcha, enquanto que as outras
mostravam-se viçosas. Um dia convidou um psicólogo a ir a sua casa; a planta da
sala, que tinha um polígrafo conectado, teve uma reacção instantânea e intensa,
ficando de repente como morta. Quando Vogel perguntou ao psicólogo em que é que
tinha pensado, este respondeu-lhe que tinha comparado mentalmente o filolendro
de Vogel com um que tinha em casa, e pensou quão inferior era o de Vogel ao
seu. De uma forma evidente, a planta de Vogel mostrou-se tão cruelmente ferida
“nos seus sentimentos” que se recusou a reagir durante o resto do dia; com
efeito, esteve quase duas semanas sombria e mal-humorada. A partir daí Vogel
não teve dúvidas de que as plantas podiam ter aversão aos pensamentos dos seres
humanos.
Isto não foi apenas comprovado com seres
humanos; Backster pôde demonstrar a um grupo de estudantes da Universidade de
Yale que os movimentos de uma aranha na sala em que uma planta estava conectada
com o seu equipamento podiam originar importantes alterações no gráfico
produzido por esta como, por exemplo, imediatamente antes da aranha escapar a
uma tentativa humana de limitar os seus movimentos.
“Parecia – comentava Backster – que a planta
captava cada uma das decisões da aranha em fugir, causando uma reacção na
folha”.
Numa outra ocasião Backster cortou-se num dedo e
untou-o com iodo; a planta que estava a ser observada por meio do polígrafo
reagiu imediatamente à morte, segundo parece, de algumas células do dedo.
“A faculdade de sentir – assegura Backster – não
parece acabar no nível celular. Pode-se estender ao molecular, ao atómico e até
ao subatómico. Concluindo, todas as classes de seres que foram consideradas,
convencionalmente, inanimadas, necessitam de uma nova avaliação”.
As
plantas e a música
Dorothy Retallack, organista e soprano
profissional que tinha dado concertos no Beacon Club de Denver, começou a
realizar uma experiência biológica de laboratório com plantas. Juntamente com a
amiga formaram dois grupos diferentes de plantas, entre as quais havia
filolendros, milho, rabanetes, gerânios, etc. Em seguida, frente a um dos
grupos, fizeram soar segundo a segundo as notas musicais “Si” e “Ré”, tocadas a
piano e gravadas numa fita magnética; aqueles sons aborrecidos e monótonos,
após três semanas de experimentação, fizeram com que todas as plantas
começassem a murchar, e algumas delas, inclusivé, afastaram-se da fonte do som,
como se fossem desviadas por uma forte ventania. O grupo de plantas que se
tinha desenvolvido em paz floresceu.
Também realizou uma experiência de oito semanas
com cabaças de Verão, transmitindo para o seu interior música de duas estações
de rádio de Denver: uma delas “rock”, e a outra, música clássica. As
cucurbitáceas não foram de modo algum indiferentes a estes dois estilos
musicais: as expostas às peças de Haydn, Beethoven, Brahms, Schubert e de
outros autores europeus dos séculos XVIII e XIX, orientaram-se na direcção do
aparelho de rádio, e uma delas enroscou-se amorosamente em torno do transistor.
As outras cabaças desenvolveram-se de forma a evitar a música “rock”, e até
tentaram trepar pelas paredes resvaladiças da sua caixa de cristal. Em
princípios de 1969, a senhora Retallack organizou uma série de ensaios
semelhantes com milho, cabaças, petúnias, calêndulas, etc., tendo obtido o
mesmo resultado. A música “rock” fazia que, de início, algumas plantas
crescessem anormalmente altas e com folhas excessivamente pequenas, ou que
ficassem paralisadas; ao cabo de quinze dias, todas as calêndulas tinham
morrido, enquanto que outras idênticas, às quais chegavam os compassos de
música clássica, floresciam a dois metros dali. Ocorreu algo ainda mais
interessante: durante a primeira semana, as plantas expostas à música
“rock”consumiam muito mais água do que as expostas à música clássica, embora
tirassem menor proveito, já que ao examinar as suas raízes estas estavam
esquálidas e só tinham uma polegada de longitude, ao passo que as do outro
grupo eram grossas, espessas e quatro vezes mais compridas. Vemos, pois, que um
determinado tipo de música exerce influências benéficas no crescimento e
desenvolvimento das plantas, graças à sensibilidade que estas possuem, enquanto
que outros ritmos produzem efeitos negativos, impedindo o seu desenvolvimento
ou provocando enfermidades e, inclusivé, a morte.
Uma vez mais corroboramos a íntima vinculação
das plantas com o meio ambiente.
Os
Chamanes
O Médico-Mago da Antiguidade, que acumulava uma
enorme Sabedoria ao longo dos tempos e dos ciclos históricos, tem na
actualidade um modesto mas não menos enigmático herdeiro, o “chamane”.
Os chamanes, os “medicine man” dos povos
marginais de todo o mundo, não são supersticiosos ignorantes que pretendem
conjurar forças estranhas que desconhecem ou temem; bem pelo contrário; são, no
seu meio, personagens de uma reputada capacidade e inteligência, e que reúnem
condições de liderança face aos seus semelhantes.
Para alguém se tornar chamane de um povo é
fundamental ter uma particular disposição ou abertura para com o mundo natural,
o que lhe permite comunicar activamente com a Natureza, com o Espírito das
montanhas, dos vales, dos bosques, dos animais e das plantas.
Um aspecto essencial destes singelos
médico-magos é, pois, a possibilidade de entrarem em comunicação com os
elementais das plantas, estabelecendo com eles uma espécie de diálogo que lhes
permite encontrar o tipo de substâncias vegetais que podem utilizar para tratar
determinadas maleitas dos seus povos; segundo as suas próprias referências,
este diálogo é levado a cabo através das técnicas do êxtase. Segundo os
investigadores, há milhares de anos atrás os estados místicos alcançavam-se por
vontade própria, ao passo que actualmente os chamanes perderam muito do seu
poder e necessitam de utilizar plantas alucinogéneas para realizarem o seu
labor; não obstante, é preciso reconhecer neles um passado de alguma forma
vigente, um conhecimento intuitivo da vida secreta das plantas, e hoje a
Ciência actual voltou o seu olhar para eles em busca de tratamentos mais
naturais. No entanto, esta Ciência não chega a compreender que o que necessita
de aplicar não é uma maior acumulação de conhecimentos e de técnicas, mas uma
concepção radicalmente diferente do Universo. Entretanto, próximo de nós estão
estes seres singelos que preservam da soberba e ignorância do nosso século
conhecimentos fabulosos.
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